Revista 107 - Dezembro/2024

REVISTA Ano XXV | Nº 107 | Dezembro/2024 Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Na visão da indústria

Hitachi Energy, há 70 anos no Brasil Em 2024 comemoramos 70 anos de atuação no Brasil, contribuindo para o desenvolvimento do setor elétrico nacional. Hoje, celebramos essa jornada e reafirmamos nosso propósito de promover um futuro de energia sustentável para todos. São sete décadas de muita energia impulsionando nossa jornada ao futuro. hitachienergy.com/br/pt

Ao editor é reservado o direito de publicação de parte ou íntegra das mensagens. É autorizada a reprodução dos textos publicados nesta edição desde que citada a fonte ou autoria. As opiniões expressas e matérias publicadas na coluna das associadas são de inteira responsabilidade de seus autores. Expediente Edição 107 Dezembro/2024 Publicação do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e Similares do Estado de São Paulo - Sinaees-SP e da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – Abinee Av. Paulista, 1439 - 6º andar - 01311-926 Tel: 55 11 2175.0000 www.abinee.org.br Conselho Editorial Humberto Barbato Anderson Jorge de Souza Filho Editora Carla Franco - MTb 21.797 Redação Jean Carlo Martins - MTb 48.950 Revisão Israel Guratti Produção Gráfica Agência Ecomunica Tiragem 1.000 exemplares Publicidade Cássia Baraldi cassia@abinee.org.br Produção Fotográfica Dagnan Brandão - DRT 0058243/SP

17 28 14 20 POLÍTICA DE TICS Após a aprovação da Lei, indústria pede celeridade na definição das mudanças aprovadas TECNOLOGIA Com contribuição da Abinee, BNDES desenha linhas de crédito para estimular Data Centers CAPA Iniciativas de Inteligência Artificial pela indústria aceleram processo de transformação digital do país BALANÇO 2024 Apesar das incertezas econômicas, ano de 2024 apresentou resultados positivos para o setor eletroeletrônico

ÍNDICE EDITORIAL Mais Indústria, mais Brasil 06 MENSAGEM DO CONSELHO Estrutura sólida 09 BANDEIRAS Governo estabelece margens de preferência para compras públicas 10 MERCADO IRREGULAR Decisão de desembargador federal mantém medida cautelar da Anatel 13 TELECOMUNICAÇÕES Cronograma de limpeza da faixa 3,5 GHz está um ano adiantado 19 COMÉRCIO EXTERIOR Projeto Abinee-ApexBrasil comemora os resultados obtidos em 2024 e quer atrair novas empresas 42 DESENVOLVIMENTO REGIONAL Eventos destacam o potencial de Pernambuco para a instalação de empresas do setor 46 LOGÍSTICA REVERSA Green Eletron e Fiepe firmam acordo para logística reversa 49 SUSTENTABILIDADE Webinar reforça Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU 51

6 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 2024 foi um ano de muito trabalho para a Abinee e de importantes conquistas para o nosso setor. Ao longo do ano, o protagonismo da indústria elétrica e eletrônica no processo de reindustrialização do país ficou ainda mais evidente nas diretrizes do Nova Indústria Brasil (NIB), no qual a Abinee tem contribuído e marcado presença. O maior exemplo disso foi o lançamento da Missão 4 do programa Nova Indústria Brasil, que traz iniciativas para estimular a transformação digital da indústria, ocasião em que foi assinada a sanção da Lei 14.968/24, que estende os incentivos da Lei de TICs e do Padis, além de criar o Programa Brasil Semicon, que impulsiona não apenas o mercado de semicondutores como a produção nacional de módulos fotovoltaicos, fortalecendo assim a presença desta fonte na matriz elétrica brasileira. Entre asmudanças previstas está a prorrogação dos incentivos da Lei de TICs e do Padis até 2029, com o fim da chamada escadinha, que previa a redução gradual de incentivos a partir de 2025. Importante dimensionarmos essa conquista em números. Essa redução de incentivos representaria a perda de R$ 4 bilhões em crédito financeiro pelas empresas habilitadas pela Lei de TICs nos próximos cinco anos. A Missão 4 do NIB também contempla o incentivo aos data centers com nova linha de crédito, formada por recursos do BNDES e do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), gerido pelo Ministério das Comunicações. Temos contribuído com o banco de fomento na identificação de fabricantes e equipamentos instalados no país para credenciamento Durante o ano, vimos os avanços nas discussões sobre a Inteligência Artificial, que vem se tornando essencial na indústria, podendo trazer inúmeros benefícios. “ MAIS INDÚSTRIA, MAIS BRASIL EDITORIAL no banco. O Brasil possui uma matriz energética limpa, o que beneficia a instalação destes ambientes, que são grandes consumidores de energia. Ao mesmo tempo, temos total capacidade de produzir os equipamentos necessários para toda a infraestrutura por trás dos data centers. Ainda dentro do NIB, marcamos presença no lançamento da Missão 3, voltada para cidades sustentáveis e mobilidade verde. A missão prevê o desenvolvimento da cadeia produtiva de baterias para veículos elétricos e a instalação de painéis solares em moradias contratadas pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) entre outras prioridades. Outra decisão importante para diversas áreas da Abinee, emespecial, o setor elétrico, foi a resolução que especifica os produtos manufaturados no país objetos de margens de preferência nas compras públicas. A medida, que está entre as principais bandeiras da Abinee, representa uma importante vitória para a indústria eletroeletrônica instalada no Brasil. Continuamos com pleitos junto ao governo para a adoção de medidas de conteúdo local e margens de preferência também nas licitações para concessões públicas, como os leilões de energia. Também atendendo a um pleito da Abinee, o governo majorou para 25% a alíquota do imposto de importação de módulos fotovoltaicos. Hoje, esses produtos são um dos itens mais importados pelo setor e estão entre os dez da pauta importadora total do Brasil. Além de permitir que os fabricantes aqui instalados tenham condições mais justas de competir com os produtos asiáticos, a medida favorece a atração de novos investimentos.

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 7 “ O setor industrial, e em especial o elétrico e eletrônico, está apto a dar sua contribuição para o desenvolvimento brasileiro. Com mais indústria, o Brasil pode mais. Durante o ano, também vimos os avanços nas discussões sobre a Inteligência Artificial, que vemse tornando essencial na indústria, podendo trazer inúmeros benefícios como aumento da produtividade, redução de custos, melhora da qualidade dos produtos, melhor experiência ao cliente, segurança e prevenção de riscos e inovação contínua em processos e desenvolvimentos. Em função do papel central da indústria elétrica e eletrônica na aplicação e desenvolvimento de soluções de IA, a Abinee tem uma participação ativa nas discussões no âmbito governamental sobre o tema, posicionando-se nos debates, reuniões e manifestações em torno do desafio de construir ummarco regulatório que garanta os direitos do cidadão brasileiro e também a inovação no Brasil. A combinação dessas ações nos proporciona expectativas positivas no horizonte. Esse ano, observamos expansão no nível de emprego e na produção física do setor. Entretanto, há ainda uma grande cautela e certa desconfiança por parte dos empresários em relação ao ambiente macroeconômico. A nosso ver, o governo precisa avançar no controle de gastos correntes, com ajuste fiscal efetivo, de forma a possibilitar maior espaço para a redução da taxa de juros. É mandatório que tenhamos a implementação de medidas para o aperfeiçoamento da máquina pública e do ambiente de negócios para que todas as ações anunciadas possam se concretizar de fato e que possamos trilhar o caminho da reindustrialização, tão desejada por todos. O setor industrial, e em especial o elétrico e eletrônico, está apto a dar sua contribuição para o desenvolvimento brasileiro. Com mais indústria, o Brasil pode mais. EDITORIAL Humberto Barbato Presidente Executivo da Abinee

8 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 Fornecedora de Baterias Portáteis para os Maiores Players de Celulares e Notebooks do País Primeiro fabricante nacional de baterias estacionárias de lítio +50 anos de tradição e tecnologia A maior empresa de soluções de Armazenamento de energia do Brasil UCB Power Entre as mil maiores empresas do Brasil Primeira indústria de baterias com o conceito 4.0 no brasil Melhores lugares para se trabalhar Selo GPTW (Great Place to Work) Inovação, tecnologia e pioneirismo!

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 9 MENSAGEM DO CONSELHO Uma entidade dinâmica e sólida. Assim é a Abinee. Nesse primeiro ano do novo Conselho da Abinee, empossado em abril, pudemos testemunhar a capacidade representativa da Associação na defesa do setor eletroeletrônico. ESTRUTURA SÓLIDA A estrutura institucional permite que o Conselho dê todo o suporte para o trabalho incansável do presidente-executivo, Humberto Barbato, conferindo maior amplitude na atuação da associação principalmente em relação ao Congresso Nacional, indispensável nas discussões sobre os rumos econômicos. Esta proximidade possibilitou que a Abinee pudesse desempenhar seu papel com atendimento das nossas principais demandas neste ano. A atuação da Abinee junto ao Parlamento, ao lado das ações relacionadas ao Executivo, é um dos grandes capitais da nossa representação, sempre pautado em apresentar propostas que visam ao desenvolvimento do setor e ao crescimento econômico e social do país. A Abinee tem contribuído e continuará oferecendo às autoridades a sua visão sobre as discussões e ações que objetivam a reindustrialização do Brasil, marcando presença nas diretrizes do programa Nova Indústria Brasil (NIB). A defesa dos pleitos da Associação é suportada pelo trabalho desenvolvido nas áreas e grupos setoriais, procurando estabelecer o debate conforme as especificidades de cada segmento. Estes grupos, formados por representantes das empresas associadas, desenvolvem intensa atividade, coletando informações e preparando recomendações que visam contribuir para o desempenho das indústrias do setor. O dinamismo dos segmentos representados, sempre em constante evolução, tem exigido uma permanente adequação do nosso atendimento, como forma de acompanhar o ritmo de expansão das indústrias. Neste contexto, o papel da Abinee nos próximos anos será o de continuar colaborando com o governo na orientação de políticas que façam com que a indústria possa ser fortalecida. Presidente do Conselho de Administração da Abinee e do Sinaees-SP Claudio Lorenzetti

10 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a Comissão Interministerial de Contratações Públicas para o Desenvolvimento Sustentável publicaram a Resolução SEGES-CICS/MGI nº 4, de 18 de outubro de 2024, que especifica os produtos manufaturados no país objetos de margens de preferência normal e adicional nas licitações realizadas no âmbito da administração pública. A medida, que está entre as principais bandeiras da Abinee, representa uma importante vitória para a indústria eletroeletrônica instalada no país, pois define margem de preferência normal de 10% para os produtos manufaturados que atendam ao Processo Produtivo Básico ou ao código do credenciamento do Finame do BNDES, e margem de preferência adicional de 10% para os produtos que foram resultantes de desenvolvimento e inovação no país. MARGENS PARA COMPRAS PÚBLICAS A lista inclui produtos para setor de informática, telecomunicações, semicondutores, energia elétrica, automação, equipamentos industriais, material elétrico e iluminação, instrumentação laboratorial, componentes veiculares, entre outros. A utilização do potencial de compras públicas para estimular o desenvolvimento de setores considerados estratégicos para a indústria brasileira faz parte das diretrizes do programa Nova Indústria Brasil (NIB) e se junta a outras medidas já adotadas recentemente pelo governo. A Abinee tem mantido interlocução constante com ministérios e secretarias, como forma de contribuir para a implementação de políticas que incentivem a competitividade das empresas do setor. AS BANDEIRAS DA ABINEE

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 11 Em outubro, a Abinee realizou sua terceira Reunião da Diretoria Plenária, com a presença do deputado Vitor Lippi, presidente da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica. Os principais temas abordados no encontro foram a aprovação da Lei 14.968/24, que amplia os incentivos da Lei de TICs e do Padis, além do progresso da regulamentação da Reforma Tributária. O evento reforçou a importância das iniciativas para o fortalecimento do setor tecnológico e industrial no Brasil. Lippi abordou os recentes avanços da Reforma Tributária, destacando que as mudanças propostas trarão simplicidade e eficiência para o sistema fiscal brasileiro, além de reduzir a sonegação. Segundo ele, a nova estrutura, baseada no Imposto sobre Valor Agregado (IVA), eliminará distorções históricas, como a guerra fiscal entre estados e cumulatividade, além do aumento da base de arrecadação. “Hoje, a sonegação é de aproximadamente 25%, o que representa cerca de 800 bilhões de reais. Com o novo sistema, essa confusão será resolvida de maneira simples e eficiente, algo que nenhum outro país conseguiu fazer até agora”, explicou o deputado. Lippi disse acreditar que a regulamentação da Reforma será aprovada ainda neste ano. “Arthur Lira e Rodrigo Pacheco [que encerram seus mandatos à frente da Câmara dos Deputados e do Senado] querem deixar esse legado”, afirmou. Durante a plenária, o deputado também destacou a importância da prorrogação da Lei de TICs, essencial para manter os incentivos fiscais que garantem a competitividade da indústria de tecnologia no Brasil. O deputado relembrou o desafio enfrentado nos últimos anos, quando a continuidade desses benefícios esteve ameaçada. “Foi uma luta difícil, mas conseguimos preservar os incentivos que são fundamentais para o setor”, afirmou. AVANÇOS NA REFORMA TRIBUTÁRIA Segundo Lippi, o trabalho estratégico desenvolvido pela Abinee junto ao parlamento para assegurar a prorrogação envolveu negociações com líderes partidários, que passaram a entender melhor o impacto dessa lei no desenvolvimento da indústria nacional. “Nós quase perdemos a Lei de TICs quatro anos atrás. Conseguimos demonstrar a importância dela, especialmente no campo da inovação. Esta é uma lei que promove competitividade, com 4% dos recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento, enquanto a média de outros setores é de apenas 1,5”, disse Lippi, destacando a diferença positiva que a Lei de TICs tem trazido ao país. Além disso, o deputado comentou a importância da integração entre a Lei de TICs e o Padis. A combinação dessas legislações, segundo ele, fortalece o equilíbrio entre o setor tecnológico nacional e os benefícios para a Zona Franca de Manaus. “Embora não tenhamos conseguido a prorrogação de 50 anos, como gostaríamos, ainda assim foi uma grande vitória ampliar por mais cinco anos”, disse Lippi, referindo-se ao prazo de extensão dos incentivos fiscais. Ele também comemorou a aprovação do novo Programa para Semicondutores, que poderá ampliar a produção no Brasil em até seis vezes. “Estamos vivendo a era dos semicondutores, e esta lei foi construída com muita expectativa e luta. Ela trará previsibilidade para o investimento no setor, algo que é fundamental para o futuro digital do país”, afirmou. Na ocasião, o deputado também recebeu demandas de interesse do setor. A reunião foi coordenada pelo presidente do Conselho da Abinee, Claudio Lorenzetti. O presidente executivo, Humberto Barbato, fez um relato das principais atividades da Associação. PLENÁRIA Presidente da Frente Parlamentar da Indústria Elétrica e Eletrônica destaca iniciativas para o fortalecimento do setor

12 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 Casa inteligente e conectada Faça do jeito SmartThings Neo QLED 8K Lava e Seca BESPOKE AI Galaxy Z Flip6 Ar Condicionado WindFree Imagem meramente ilustrativa. Jet Bot +

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 13 Acatando pedido da Anatel, o desembargador federal Carlos Muta, presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), derrubou, no dia 30 de setembro, decisão da 17ª Vara Federal Cível de São Paulo que concedeu liminar à Amazon contra medida cautelar da agência reguladora que proíbe a comercialização de celulares e smartphones não homologado pela agência. A iniciativa da Anatel foi emitida em 21 de junho deste ano, por meio de um Despacho Decisório (5.657/2024), após anos de tratativas para enfrentar o comércio irregular, que vem sendo implementadas desde 2018 por meio do Plano de Ação de Combate à Pirataria. A decisão do magistrado rebate a alegação da Amazon de que a medida extrapola a competência da agência reguladora ao estabelecer proibições e sanções às empresas de marketplace. Segundo ele, não só a Anatel atuou dentro de sua competência legal, como também a homologação é obrigatória e seu descumprimento prevê sanções. “Quanto à competência da Anatel, cabe destacar que a autarquia foi criada pela Lei 9.472/1997 e tem, entre outras atribuições, nos termos do artigo 19, incisos X, XII e XIII, de “expedir normas sobre prestação de LIMINAR DERRUBADA serviços de telecomunicações no regime privado; expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem; e expedir ou reconhecer a certificação de produtos, observados os padrões e normas por ela estabelecidos”, afirmou o desembargador em sua decisão. Outro argumento na liminar obtida pela Amazon era que a decisão da Anatel feria o Marco Civil da Internet. Entretanto, na visão do desembargador Carlos Muta, “a discussão não reside em cerceamento da liberdade de expressão dos anunciantes (que não possuem, por óbvio, liberdade de expressão de anunciar produtos irregulares)”, além de que “não se trata, propriamente, de discussão acerca da responsabilidade civil das plataformas, mas de obrigatoriedade de conformidade a regramentos expedidos por agência reguladora“. “Como se verifica, há previsão expressa de que a homologação é condição obrigatória não apenas para utilização, mas também para comercialização de produtos, cujo descumprimento atrai a aplicação de sanções, sem distinção ou limitação quanto aos sujeitos que se submetem à atuação da autarquia na consecução de objetivos determinados no regulamento”, afirmou o desembargador Carlos Muta. MERCADO IRREGULAR Decisão de desembargador federal mantém medida cautelar da Anatel

14 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 Representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) manifestaram o comprometimento do governo em viabilizar até o final do ano a regulamentação da Lei 14.968/24, que estende os incentivos da Lei de TICs e do Padis. O assunto foi abordado no evento “Política de TICs: Aperfeiçoamento do Marco Legal”, realizado pela Abinee, em outubro. “Essas atividades são prioritárias. Queremos entrar em 2025 com a legislação já devidamente regulamentada”, afirmou o secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital do MCTI, Henrique Miguel. Na mesma linha, o diretor do Departamento de Desenvolvimento da Indústria de Alta Complexidade Tecnológica do MDIC, Luís Felipe Giesteira, afirmou que as duas pastas já estão em conversas para a elaboração de Decretos e Portarias necessárias para a efetiva implementação da Lei. A preocupação da indústria com a celeridade da regulamentação foi enfatizada pelo presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato. “Temos que trabalhar na regulamentação da Lei, e para que seus efeitos ocorram de fato já em 2025, é fundamental o ajuste na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de imediato, como forma de contemplar a nova renúncia fiscal”. A prorrogação dos incentivos da Lei de TICs e do Padis até 2029 prevê o fim da chamada escadinha, que reduziria gradualmente os incentivos a partir do próximo ano. “Importante dimensionarmos essa conquista em números. A manutenção da escadinha representaria a perda de R$ 4 bilhões em crédito financeiro pelas empresas habilitadas pela Lei de TICs nos próximos cinco anos”. Miguel e Giesteira concordaram que esta nova condição orçamentária já foi prevista pelo Ministério da Fazenda e Receita Federal ainda na análise da Lei, que viria a ser sancionada. “Esse assunto está pacificado. Todos os pontos foram tratados no parecer da Receita na discussão da Lei”, garantiu Giesteira. “Não há risco de dificuldades no ajuste da LDO. Os valores já estavam contemplados”, complementou Miguel. Durante o evento, foi ressaltado o empenho da Abinee e a importância da interlocução com o MDIC e MCTI que também empreenderam esforços para a aprovação da Lei. “Temos que celebrar essa conquista, que mantém um ecossistema forte de desenvolvimento tecnológico no país”, afirmou o diretor da área de Informática da Abinee, Maurício Helfer. Ele também salientou que hoje há uma articulação e sinergia entre as diversas políticas públicas vigentes, criando um arcabouço legal robusto para a atividade das empresas. Além da manutenção dos incentivos da Política de TICs, a Lei amplia as condições de fruição do TECNAC (Tecnologias Nacionais), permitindo que as indústrias nacionais que desenvolvem tecnologia no país, independente da origem do capital, e investem em P&D acima dos 4% requerido na Lei, possam ampliar o crédito financeiro, passando dos atuais 13,65% para 15% no Centro-Sul e para 17% nas demais regiões. AGORA É A REGULAMENTAÇÃO Após a aprovação da Lei que estendeu incentivos da Lei de TICs e do Padis, indústria pede celeridade na definição das mudanças aprovadas Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee POLÍTICA DE TICS

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 15 Também mencionando o protagonismo da Abinee para a aprovação da Lei, o diretor da área de Componentes, Rogério Nunes, afirmou que a extensão do Padis e a criação do Programa Brasil Semicon, previstas na Lei, representam um marco para o setor de semicondutores, principalmente, ao focar no estímulo ao mercado externo. “É a primeira vez que isso acontece”, afirmou. Segundo ele, a partir de agora, abre-se oportunidades e chances para a ampliação das exportações deste segmento, antes restrito ao mercado interno. Nunes afirmou que já existem movimentos das empresas de semicondutores para a realização de acordos de cooperação, com países como EUA, o que pode propiciar a descentralização da produção destes insumos, hoje 70% concentrada na Ásia, sendo 36% na China. Presente no evento, o diretor de Incentivos às Tecnologias Digitais (DEINC) do MCTI, Hamilton Mendes, respondeu as dúvidas dos representantes de empresas associadas da Abinee. Segundo ele, as alterações introduzidas pela nova lei trazem o aperfeiçoamento de diversos procedimentos e gestões, facilitando a fruição dos incentivos. Ele também afirmou que o artigo 4° da Lei deixa condicionada a avaliação e prorrogação da Lei a cada quinquênio, com eventual reorientação de metas e de instrumentos. POLÍTICA DE TICS

16 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 WorkForce® Enterprise Impressão a frio em impressoras multifuncionais coloridas Economia de energia Alta produtividade Menos manutenções *Até 65% menor para a AM-C6000, até 55% menor para a AM-C5000 e até 45% menor para AM-C4000 en comparação com impresoras laser coloridas. Bivolt 110 v - 220 v

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 17 A Lei 14.968 sobre a Política de TICs foi sancionada no início de setembro durante evento no Palácio do Planalto para lançamento das diretrizes da Missão 4: Indústria e Revolução Digital do programa Nova Indústria Brasil (NIB). Entre as diversas providências anunciadas está o incentivo aos data centers (ambientes que processam, armazenam, tratam e distribuem dados no ambiente digital) com financiamento do BNDES. Em evento realizado pela Abinee, em outubro, o superintendente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do BNDES, João Paulo Pieroni, abordou os principais mecanismos que serão adotados pelo banco, que tem por objetivos o estímulo a investimentos baseados em geração de energia limpa, inserir o Brasil como destino atrativo para grandes investimentos de empresas de Inteligência Artificial, contribuir para a construção da infraestrutura da economia do futuro, geração de demanda para o setor de energia e fomento à cadeia local de equipamentos e serviços para Data Centers. Com orçamento de R$ 2 bilhões, a nova linha de crédito é formada por recursos do BNDES e do Fundo de Universalização dos Serviços ESTÍMULO ADATA CENTERS de Telecomunicações (FUST), gerido pelo Ministério das Comunicações. A Abinee tem contribuído com o BNDES para a identificação de fabricantes e equipamentos instalados no país para credenciamento no banco, que englobam sistemas auxiliares, como distribuição de energia de média e baixa tensão (comutadores, transformadores, isoladores e filtros), backup de energia (geradores e baterias) e refrigeração (chillers e sistemas de refrigeração líquida e a ar), além das unidades de processamento e armazenamento de dados de média, grande e muito grande capacidade. “O Brasil possui uma matriz energética limpa, o que beneficia a instalação destes ambientes, que são grandes consumidores de energia. Ao mesmo tempo, temos total capacidade de produzir os equipamentos necessários para toda a infraestrutura por trás dos data centers”, afirmou Humberto Barbato. Segundo ele, a Abinee apresentou ao governo pleito de alteração nas alíquotas de 8 NCMs e revogação de 16 ex-tarifários, que já poderiamviabilizar a produção local. TECNOLOGIA Com contribuição da Abinee, BNDES desenha linhas de crédito para estimular cadeia local de equipamentos e serviços

18 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 A Flex está resolvendo a complexidade para as principais marcas do mundo. Somos seu parceiro de confiança para levar seus produtos à escala mais rapidamente Nós aprimoramos continuamente nossas capacidades avançadas de manufatura investindo em um portfólio focado de tecnologias da Indústria 4.0, incluindo simulação, automação e robótica, digitalização e manufatura aditiva aliadas à uma operação de ciclo-fechado. Utilizamos nossa extensa rede de cadeia de suprimentos, conhecimento especializado na indústria, expertise em economia circular e força de trabalho qualificada para atender às suas diversas necessidades de fabricação, garantindo alta qualidade e eficiência. Juntos, podemos criar produtos que melhoram o mundo. Para mais informações, visite flex.com Velocidade de comercialização e escala Eficiência e padrões globais de qualidade Pioneirismo em sustentabilidade Customização

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 19 A Abinee realizou no dia 6 de agosto reunião da área de Telecomunicações com as participações do CEO da EAF (Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz), Leandro Guerra, e do assessor da Superintendência de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Marcos Baeta. Na pauta do evento, foram abordadas as atualizações do cronograma de limpeza das faixas de espectro para 5G, a agenda da Anatel dos Leilões de faixas, além das perspectivas e planejamento para a tecnologia 6G. A abertura do evento foi realizada pelo vice-presidente do Conselho da Abinee e diretor de Dispositivos Móveis, Luiz Claudio Carneiro, e teve coordenação do diretor do Grupo Setorial de Telecomunicações, Wilson Cardoso. Associação sem fins lucrativos criada por determinação do Edital de 5G e composta por três operadoras Claro, TIM e Vivo, a EAF já concluiu as ações necessárias para a desocupação da Faixa de 3,5 GHz (EAF) por sistemas do Serviço Fixo por Satélite (FSS), tendo instalado os filtros para a mitigação de interferências em todas as estações do FSS impactadas. Ao todo, já são mais 4,8 mil municípios liberados para uso da faixa para utilização por estações do 5G standalone e 19 unidades da federação totalmente contempladas, nos quais vivem aproximadamente 197 milhões de AVANÇO DO 5G brasileiros, o que corresponde a pouco mais de 92% da população do Brasil. “Estamos com uma antecipação de mais de um ano em relação ao cronograma previsto”, salientou Guerra. Pelo Edital do Leilão, o prazo para a realização deste trabalho terminava em junho de 2025. O representante da Anatel abordou as discussões sobre as próximas faixas que serão leiloadas, como o caso de 700MHz. A faixa em questão tornou-se desocupada após a desistência da Winity, vencedora do Lote no Leilão 5G, renunciou a todas as autorizações obtidas. Também estão previstos os leilões de 600MHz e 6GHz, ainda em fase de estudos. Ainda há muito o que se fazer para a efetiva implantação do 5G no Brasil, mas a Anatel já tem se movimentado em relação aos debates sobre o 6G. Baeta destacou que a agência tem participado das discussões da União Internacional de Telecom (UIT) ao lado de outros países, como forma de definir as padronizações sobre a tecnologia. “Estamos atentos e acompanhando toda essa movimentação para que o Brasil esteja na linha de frente”, afirmou. TELECOMUNICAÇÕES Cronograma de limpeza da faixa 3,5 GHz está um ano adiantado Leandro Guerra, CEO da EAF Marcos Baeta, Anatel

20 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 CAPA

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 21 Iniciativas de Inteligência Artificial adotadas pela indústria aceleram processo de transformação digital do país IA NA VISÃO DA INDÚSTRIA CAPA

22 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 A IA mais inteligente é a sua! A experiência e as soluções híbridas de IA da Lenovo são personalizadas de acordo com as suas necessidades comerciais, para que você possa acelerar o uso da IA em escala e expandir os seus negócios, independentemente do setor, do tamanho ou do estágio de adoção da IA. Isso é IA mais inteligente para todos. AI PCs e Workstations | Servidores IA e Soluções de Armazenamento | Serviços e Soluções de IA Lenovo.com/SmarterAI

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 23 Exemplos de aplicações e adoção de Inteligência Artificial (IA) pelas empresas, discussões sobre regulamentação, segurança cibernética, inovação e formas de fomento foram os principais temas do evento “Inteligência Artificial – Visão da Indústria”, realizado em setembro pela Abinee, em São Paulo. Na ocasião, representantes do setor industrial, da academia e do governo apresentaram os principais aspectos da tecnologia, com ênfase nas ações em andamento, desafios e perspectivas. Abrindo o evento, o presidente do Conselho da Abinee, Claudio Lorenzetti, destacou o crescente interesse sobre o tema por parte das empresas. Já o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, e o secretário de Ciência e Tecnologia para Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Henrique Miguel, abordaram recentes iniciativas como a elaboração do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) e a sanção da Lei 14.968/24), que estende os incentivos da Lei de TICs e Padis, além de criar o Programa Brasil Semicon, classificando-as como fundamentais para o processo de transformação digital do país. “A indústria elétrica e eletrônica tem papel central na aplicação e desenvolvimento de soluções de IA e dispõe de todas as condições para contribuir para que o Brasil possa ser um player efetivo nesse jogo”, afirmou Barbato. Miguel salientou que o PBIA, anunciado em julho pelo governo, foi inspirado em práticas internacionais e discutido com o setor privado. Com um investimento previsto de R$ 23 bilhões até 2028, a iniciativa tem o objetivo de transformar o país em referência mundial em inovação e eficiência no uso da IA, especialmente no setor público. O PBIA prevê um conjunto de ações de impacto imediato, além de cinco eixos de ações estruturantes, tendo como um de seus focos o de transformar a vida dos brasileiros por meio de inovações sustentáveis e inclusivas baseadas em IA. O Plano aborda diretrizes para pesquisa e desenvolvimento e para a regulamentação de práticas que garantam a segurança e a privacidade dos cidadãos. Além das ações estruturantes, prevê ações de impacto imediato para resolver problemas específicos em áreas prioritárias para a população, como saúde, agricultura, meio ambiente, indústria, comércio e serviços, educação, desenvolvimento social e gestão do serviço público. A iniciativa ainda deverá ser implementada por meio de Decreto. “Não é um plano acabado, reúne ações em andamento pelo setor público e privado e pode receber novas contribuições”. O secretário destacou ainda as discussões sobre PL 2.338/23, de autoria do senador Rodrigo Pacheco, e que trata da regulamentação da Inteligência Artificial. CAPA

24 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 CAPA 50 MP Sony - LYTIATM 700C MOTOROLA, o logotipo M estilizado, MOTO e a família de marcas MOTO são marcas comerciais da Motorola Trademark Holdings, LLC.©2024 Motorola Mobility LLC. Desenvolvido e fabricado pela/para a Motorola Mobility LLC, uma subsidiária da Lenovo. Sony - LYTIA e o logotipo Sony - LYTIA são marcas comerciais registradas ou marcas comerciais da Sony Group Corporation. As cores PANTONE™ geradas podem não corresponder aos padrões identificados pela PANTONE. A identificação de Cores PANTONE™ serve apenas para fins artísticos e não se destina a ser usada para especificação. Consulte as Publicações atuais de Cores PANTONE para obter cores precisas. PANTONE e o PANTONE Chip Design são propriedades da Pantone LLC nos Estados Unidos e/ou em outros países. © Pantone LLC, 2024. Todos os direitos reservados. Este é um Produto autorizado PANTONE fabricado sob licença pela Motorola Mobility. MIL-STD-810H é um conjunto padronizado de testes projetado pelo departamento militar dos EUA, em que são avaliadas as limitações do dispositivo em condições ambientais extremas controladas em laboratório. O desempenho no uso cotidiano pode variar de acordo com as condições ambientais específicas a que o dispositivo for exposto. Saiba mais em https://www.motorola.com.br/edge50neo. BEM NA FOTO. DURO NA QUEDA. O mais leve e compacto do Brasil com ultrarresistência militar¹.

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 25 CAPA Ele defendeu a necessidade de se criar um arcabouço legal que estimule o desenvolvimento tecnológico e que não coloque entraves para a atuação das empresas. Preocupação semelhante foi externada pelo presidente executivo da Abinee. “É imprescindível para o setor industrial que a futura legislação seja compatível com os regulamentos já vigentes no Brasil, sem o acréscimo de novas burocracias”. Barbato lembrou que a Abinee tem participação ativa nas discussões sobre o tema no âmbito governamental, com a condução da diretora do Grupo de Trabalho Inteligência Artificial e Segurança Cibernética da entidade, a advogada Ana Paula Bialer, que mediou os debates do evento, pontuando o posicionamento do setor eletroeletrônico sobre os diversos tópicos apresentados nos painéis. Adoção de IA na indústria e segurança cibernética O primeiro painel tratou as iniciativas já em andamento de utilização de tecnologias de Inteligência Artificial pelo setor industrial. O diretor de Desenvolvimento de Negócios e Estratégia da Siemens, Jose Borges Frias Junior, e o líder de Inteligência Artificial da IBM Brasil, Fabio Ferreira de Lima, apresentaram cases de aplicações de soluções para aperfeiçoar processos produtivos com foco na eficiência energética, descarbonização, sustentabilidade entre outros. Já o diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas para América Latina da Cisco, Giuseppe Marrara, abordou as estratégias e desafios no combate a ataques cibernéticos em redes por meio da IA, num contexto de massiva digitalização e circulação de dados. “Esse volume já supera a escala humana e necessita de processamento sobre-humano. Por isso, a Inteligência Artificial é essencial para a segurança das redes”, afirmou. Regulação Aprofundando as discussões sobre a regulamentação da IA no pais, a diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Miriam Wimmer, e a secretária adjunta da Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares (SEPAR/SRI/PR), Vivian Oliveira Mendes, reforçaram a necessidade de se construir uma legislação que promova se segurança de dados e usuários, mas também contribua para o desenvolvimento tecnológico. Ambas ressaltaram a importância da participação do setor industrial nos debates sobre o Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional. Fomento e PD&I O diretor de Incentivos às Tecnologias Digitais (DEINC) do MCTI, Hamilton Mendes, e o coordenador Geral de Inovação Digital (CGID) do Ministério, Rubens Caetano Barbosa de Souza, apresentaram detalhamentos das políticas de apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no contexto do PBIA e as ações em curso para fortalecer IA com foco na Lei de TICs. Entre esses instrumentos estão os Programas e Projetos Prioritários de Interesse Nacional (PPIs), opção de investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para empresas beneficiárias da Lei de TICs. A iniciativa destina recursos para ações do setor privado em parceria com institutos de pesquisa. Na ocasião, o diretor de Tecnologia e Inovação do CPqD, Paulo Curado, apresentou diversos casos de projetos em andamento de aplicação de Inteligência Artificial em segmentos como agronegócio, saúde, inspeção de qualidade em manufatura, além da capacitação de engenheiros por meio de residência tecnológica. Financiamento Elo essencial para o estímulo à IA no país, as possibilidades de financiamento e recursos disponíveis foram tema de exposição do superintendente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação (BNDES), João Paulo Pieroni. Ele ressaltou a retomada do papel do banco de fomento nas diversas iniciativas governamentais como o programa Nova Indústria Brasil, a fim de contribuir para o processo de transformação digital da indústria.

26 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 A Dell Technologies apoia cientistas na proteção dos recifes de corais, um dos maiores desafios de conservação atuais. Além disso, estamos auxiliando as empresas a enfrentarem seus desafios, sejam eles grandes ou pequenos. Com tecnologia que coleta dados cruciais, simplifica a área de TI e mantém a segurança dos sistemas, estamos ajudando nossos clientes a proteger diversos ambientes. Descubra o que podemos fazer pelo seu. Saiba mais em Dell.com.br/WelcomeToNow Inovando em qualquer ambiente. Incluindo no seu. Bem-vindos ao agora

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 27 O Plano anunciado é positivo e viável? A elaboração de um Plano Nacional de IA, de maneira geral, é extremamente importante, especialmente no sentido de estabelecer esforços coordenados para impulsionar o desenvolvimento e uso de sistemas baseados em IA no país. A proposta prevê investimentos consideráveis em cinco diferentes eixos (mais de R$ 23 bilhões). No entanto, preocupa-nos algumas premissas estabelecidas, como o conceito de “soberania/autonomia tecnológica”. O Plano deveria focar em incentivar o desenvolvimento e o uso de IA, como ferramenta relevante para impulsionar a transformação digital, independentemente de onde ela seja concebida. É estrategicamente relevante se criar mecanismos para atrair investimentos e alavancar o desenvolvimento de tecnologias no Brasil, sem prejuízo do uso concomitante de soluções internacionais. Quais os principais destaques? O principal destaque são os investimentos previstos em cinco diferentes eixos, sendo o eixo “IA para Inovação Industrial” o que contém um maior valor previsto, por trazer iniciativas relevantes, como as voltadas para aumento da produtividade, estruturação e fortalecimento da cadeia produtiva de IA no Brasil, além de criação de centros de apoio à IA na indústria e mecanismos voltados para a retenção de talentos no país, todos aspectos fundamentais para o desenvolvimento da indústria e do setor produtivo. E os principais desafios? A proposta traz algumas preocupações, para além do conceito de “soberania tecnológica”. Por exemplo, como consequência desta premissa, existe uma iniciativa específica para a criação de uma nuvem soberana nacional, voltada para sustentar a infraestrutura de dados do governo. Essa iniciativa poderá limitar compras públicas e processos de licitações de nuvens providas por provedores privados, bem como impedir que o governo tenha acesso às melhores soluções globais oferecidas pelas empresas. Nesse ponto, pode-se inadvertidamente comprometer a eficiência do Estado e trazer prejuízos robustos para a indústria nacional. Outra iniciativa preocupante refere-se a criação de um Centro Nacional de Transparência Algorítmica e IA Confiável. Dependendo da composição desta instituição, ainda não definida, as discussões em torno da transparência podem ser distorcidas e gerar confusões conceituais. Mesmo saindo atrás de outras nações, podemos diminuir o gap hoje existente na aplicação desta tecnologia a partir do volume de investimentos e das metas do plano? Em princípio, sim. Tudo dependerá da coordenação de esforços do governo em cumprir o volume de investimentos e metas. Nesse sentido, seria fundamental que o PBIA abrisse mão da abordagem focada em soberania tecnológica, e compreendesse a IA como uma ferramenta global de oportunidade, sendo indispensável a cooperação internacional. Assim, o país poderá se aproveitar da cadeia internacional de valor intrínseca às tecnologias digitais e potencializar o desenvolvimento e uso de soluções de IA responsáveis e interoperáveis. E como o nosso setor pode contribuir? O setor de tecnologia poderá contribuir com o compartilhamento de conhecimentos, padrões e melhores práticas internacionais em IA, de modo a auxiliar para que o PBIA fique cada vez mais próximo das discussões internacionais. Assim, o governo brasileiro atuaria de maneira a incentivar o desenvolvimento e uso de IA responsável no país. ENTREVISTA PBIA: ESFORÇOS COORDENADOS A indústria elétrica e eletrônica, representada pela Abinee, tem papel central na aplicação e desenvolvimento de soluções de IA. Por conta disso, a coordenadora do Grupo de Trabalho de Inteligência Artificial e Segurança Cibernética da Associação, Ana Paula Bialer, tem acompanhado as diversas discussões sobre o tema. Em entrevista à Revista Abinee, ela comenta sobre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) anunciado pelo governo.

28 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 CRESCIMENTO E DESAFIOS O ano de 2024 apresentou resultados positivos para o setor eletroeletrônico nas áreas representadas pela Abinee. Apesar das incertezas econômicas, a produção, o emprego e as exportações mantiveram uma trajetória de crescimento. BALANÇO 2024

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 29 para produtos similares produzidos no mercado local. No âmbito das portarias de PPB foram iniciadas conversas e reuniões para discutir os ajustes propostos nas exigências de conteúdo local, e o peso na composição de cada componente. “Certamente este assunto será prioridade dentro do setorial de informática para o ano de 2025, buscando mais uma vez o equilíbrio e a competitividade para cada um dos diferentes produtos”, observa Helfer. Ele mencionou ainda a relevância da criação de uma política de incentivos para os datacenters, uma promissora oportunidade para o país fomentar a competitividade dos produtos que compõem este segmento. Combate ao mercado irregular Um dos destaques da área de Dispositivos Móveis, mesmo diante de um cenário macroeconômico difícil, foi o lançamento de smartphones com preços intermediários, porém com recursos de produtos premium, que alavancaram as vendas e ajudaram a democratizar o acesso à tecnologia de ponta a um maior número de consumidores. O diretor de Dispositivos Móveis, Luiz Carneiro, destacou a incorporação de novos recursos de Inteligência Artificial, desde a câmera, passando por navegação, buscas e funções de edição de imagens, que estimularam o consumidor brasileiro a adquirir novos smartphones. A procura por esses aparelhos impulsionou as vendas e reforçou o compromisso da indústria em democratizar o acesso à tecnologia de ponta. Entretanto, o mercado de telefones irregulares ainda representa um grande desafio, afetando a indústria nacional e os cofres públicos e ameaçando os empregos. Mesmo com esforços da Anatel e da Secretaria Nacional do Consumidor para conter essa prática, a continuidade das vendas irregulares mostra a necessidade de medidas mais eficazes por parte das plataformas digitais, que ainda falham em garantir a segurança do mercado. “Em 2025, a indústria seguirá investindo em Pesquisa & Desenvolvimento, lançando celulares ainda mais inovadores, assim como continuará atuando, com o apoio da Abinee e de forma muito colaborativa com BALANÇO 2024 Até setembro, a produção da indústria elétrica e eletrônica, conforme dados do IBGE agregados pela Abinee, cresceu 11% em relação ao igual período de 2023. Por sua vez, o número de empregados registrou elevação de quase 20 mil postos de trabalho nos primeiros nove meses do ano. Já as exportações de produtos elétricos e eletrônicos cresceram 2% até setembro em relação às verificadas no igual período do ano passado, segundo dados da Secex/MDIC agregados pela Associação. A área de Informática foi marcada pela renovação da Lei de TICs, que consolidou avanços importantes para a competitividade dos produtos brasileiros, especialmente com a retirada da “escadinha” de redução do crédito tributário, elemento crucial para assegurar o equilíbrio da competitividade dos produtos produzidos nas demais regiões do país frente aos produtos produzidos na Zona Franca de Manaus. Maurício Helfer, diretor de área de Informática “A nova lei fortaleceu o ecossistema de inovação e incentivou o desenvolvimento de produtos com tecnologia nacional, o que é vital para a indústria local,” afirma Maurício Helfer, diretor da Área de Informática da Abinee. Esse ajuste na legislação também fortaleceu o desenvolvimento de produtos com tecnologia nacional, um avanço que dialoga com o crescimento observado nas outras áreas. Além disso, a área celebrou a evolução no trabalho de revogação de diversos “ex-tarifários”, que não condiziammais com a atual legislação deste mecanismo e que, por isso, vinham impactando a competitividade

30 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 acesse nosso site e redes sociais lorenzettioficial 0800 015 02 11 ACQUA CENTURY DIGITAL E ELETRÔNICO INOVAÇÃO QUE DESAFIA O TEMPO 20 24 COLEÇÃO

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 31 Ao focar em um segmento específico da automação, a robótica, o ano de 2024 apresentou, como de costume, um aumento nas oportunidades no setor automotivo. “Isso se deve aos ciclos de investimentos das indústrias já estabelecidas no país, visando aumentar a competitividade, bem como de novas empresas automotivas que estão se instalando no Brasil”, explica o diretor. Já em outros segmentos, observa-se que pequenas empresas, que ainda não possuem uma base de automação e robótica estabelecida, tendem a buscar soluções com robôs. “O principal desafio para essa parte do mercado é obter financiamentos que apoiem a otimização de sua produção.” as autoridades, no combate ao comércio de telefones irregulares, prática ilícita e desleal que tantos prejuízos traz à sociedade brasileira”, afirma Carneiro. regulatória da Anatel, na qual teve início o debate do tema ESG com mais amplitude setorialmente. Investimento em automação A área de Automação Industrial também registrou um ano de crescimento e evolução, com um aumento de faturamento e geração de empregos no setor. “O mercado de automação deixou de depender exclusivamente de projetos greenfield (fábricas novas), indicando que alguns clientes finais atingiram um nível de maturidade na automação e estão investindo em melhorias”, sustenta Raphael Haddad, diretor da Área na Abinee. Segundo ele, em 2024, a segurança cibernética tornou-se uma prioridade para os clientes. Uma pesquisa da Abinee apontou a alta demanda dos associados por transformação digital, mas ainda poucas aplicações práticas, resultando em experiências pontuais e isoladas. Wilson Cardoso, diretor da área de Telecomunicações Raphael Haddad, diretor da área de Automação Industrial Luiz Carneiro, diretor da área de Dispositivos Móveis O setor de telecomunicações avançou com a expansão do 5G, que alcançou todos os municípios brasileiros com a liberação da banda de 3,5 GHz. “Esse marco foi fruto de um trabalho persistente da Abinee e de seus associados desde a pandemia, quando ajudamos a viabilizar o edital do 5G e expandimos o suporte a redes privativas,” afirmou Wilson Cardoso, diretor da área de Telecomunicações. A pauta agora se amplia com o planejamento para a frequência de 6 GHz, que poderá servir como base para o futuro 6G no Brasil, acompanhando o crescimento do IoT e das redes privativas, impulsionadas pela Inteligência Artificial. Ele lembrou que 2024 foi um ano de um intenso ano de trabalho do Grupo Setorial de Telecomunicações, com mais de 20 consultas públicas da Anatel debatidas e respondidas, entre as quais se destaca a agenda BALANÇO 2024

32 REVISTA ABINEE | DEZEMBRO 2024 Há 72 anos dedicados a criar soluções inovadoras que transformam o futuro da eletrônica. constanta.com.br A N O S 72

DEZEMBRO 2024 | REVISTA ABINEE 33 Para 2025, a área pretende fortalecer a adoção de ações efetivas para fomentar as tecnologias digitais, além de acompanhar as discussões sobre Inteligência Artificial e Reforma Tributária junto ao governo, estimulando a inovação e a competitividade no setor. “Com foco em nossos associados, temos a intenção de promover e apoiar a adoção de tecnologias digitais e suas boas práticas, para que nossos membros possam alcançar uma transformação efetiva”, afirma Haddad. âmbito internacional, a Abinee mais uma vez liderou a delegação brasileira na Reunião Geral da IEC, realizada no mês de outubro na Escócia, cujos temas internacionalmente abordados giraram em torno do framework necessário ao desenvolvimento da Inteligência Artificial, das tecnologias quânticas, da sustentabilidade e da digitalização dos processos, objetivando a uma sociedade eletrificada e conectada. Ano positivo para GTD O ano de 2024 foi positivo para a Indústria ligada a área de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD). Segundo o diretor da Área, Glauco de Freitas, houve aumento percentual de faturamento nos três segmentos. Na Geração, o resultado positivo ocorreu em função dos investimentos, majoritariamente, em projetos de fontes renováveis, como a fotovoltaica. O desafio da indústria brasileira neste segmento, porém, é a atual situação quanto ao volume de importação de produtos e componentes, como, por exemplo, os módulos fotovoltaicos. “Preocupa-nos a dependência de componentes externos para a expansão da capacidade de geração de fontes renováveis no país”, afirma Freitas. A recente majoração para 25% da alíquota do imposto de importação de módulos fotovoltaicos, entretanto, pode reverter esse quadro. Além de permitir que os fabricantes aqui instalados tenham condições mais justas de competir com os produtos asiáticos, a medida favorece a atração de novos investimentos. Luciano Cardim, diretor da área de Política Industrial Glauco de Freitas, diretor da área de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) Na área de Política Industrial, a Abinee manteve uma agenda ativa junto ao Poder Executivo, promovendo políticas de incentivo à produção local. “A publicação da resolução do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos que concede, nas compras governamentais, margem de preferência aos bens fabricados localmente e margem adicional aos bens desenvolvidos no país representa um avanço competitivo significativo para a indústria representada pela Associação”, comenta Luciano Cardim, diretor da área de Política Industrial. Por iniciativa da Abinee e do IPD Eletron junto ao MCTI, as empresas afetadas pelas enchentes do Rio Grande do Sul tiveram flexibilização das obrigações referentes à Lei de TICs e Lei do Bem. Também em colaboração com o MDIC, foi desenvolvido trabalho de identificação e revisão das alíquotas de importação de muitos produtos do setor envolvidos na geração de energia e nos equipamentos utilizados em data centers, o que colabora para a política de atração de investimentos para o Brasil por meio do fornecimento local de equipamentos e serviços para o funcionamento dos grandes sistemas de processamento de dados. A atuação em normalização e avaliação da conformidade se intensificou em 2024. Segundo Cardim, no O desempenho do segmento de Transmissão contou com investimentos decorrentes de autorizações da Aneel em renovação de ativos de concessões existentes, bem como do fornecimento de equipamentos BALANÇO 2024

RkJQdWJsaXNoZXIy NTY5NTk=