Desaceleração no 1º quadrimestre deve levar à revisão das expectativas para o setor em 2025

A desaceleração registrada no primeiro quadrimestre de 2025 deve levar à revisão das expectativas de crescimento para o setor eletroeletrônico ao longo do ano. O alerta foi feito pelo professor Celso Martone, diretor do Departamento de Economia da Abinee, durante a Reunião Plenária da Abinee/Sinaees-SP, realizada em 5 de junho.

Martone destacou que o desempenho no início do ano foi decepcionante, contrastando com o ritmo robusto observado em 2024. “Ainda temos números positivos, mas bem menores”, disse. A projeção oficial de 5% de crescimento está mantida, mas ele sinalizou que poderá ser revisada para baixo nas próximas semanas. Os dados até abril indicam uma alta de 0,9% na produção total do setor, com crescimento de 3,5% na área elétrica e queda de 1,8% na eletrônica.

Apesar da desaceleração, o setor registrou um avanço 9 mil postos de trabalho no nível de emprego nos primeiros quatro meses do ano, sugerindo que parte das empresas ainda mantém confiança no mercado. Por outro lado, o índice de confiança empresarial segue abaixo dos 50 pontos, tanto no setor quanto na indústria geral. “Esse tipo de sentimento influencia diretamente nas decisões de produção e investimento”, alertou Martone. Ele lembrou que o setor eletroeletrônico costuma acompanhar o desempenho da indústria de transformação, que deve crescer apenas 1,5% em 2025.

Riscos externos e necessidade de acordos comerciais

No cenário internacional, Martone chamou atenção para o tarifaço nos Estados Unidos, que pode provocar desvios de comércio com impacto direto sobre a indústria brasileira.

“O setor industrial brasileiro é vulnerável. Produtos de outros mercados podem acabar chegando aqui”, alertou. Ele defendeu a aceleração de acordos com a União Europeia e ações para evitar que o Brasil se torne destino passivo dessas exportações.

Cautela no segundo semestre

Martone também afirmou que o país enfrenta esse cenário com fragilidade fiscal, o que limita sua capacidade de reação. “Estamos numa posição vulnerável. A margem para resposta é pequena”, disse. Na conclusão, o economista reforçou que, apesar da trajetória ainda positiva do setor, o momento exige monitoramento constante e prudência nas decisões empresariais.

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