Anatel dá passo importante para coibir mercado irregular de celulares

A revisão do Regulamento de Avaliação da Conformidade e de Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovada pelo Conselho Diretor da Anatel em 1º de agosto, é um avanço fundamental para coibir o mercado irregular de celulares no Brasil. A avaliação é da Abinee, que elencou a atualização da Resolução 715 da agência como um dos principais pleitos no combate a práticas ilegais que geram prejuízos à economia, comprometem empregos e investimentos e ainda colocam em risco o consumidor. O tema teve grande repercussão em maio deste ano em coletiva de imprensa realizada pela entidade.

A decisão da Anatel, que integra a Agenda Regulatória 2025-2026, traz mudanças importantes para o setor, com destaque para a responsabilização solidária dos marketplaces e das demais plataformas digitais envolvidas no processo de comercialização — ainda que exerçam somente funções ligadas à divulgação e à propaganda — pela oferta de produtos para telecomunicações não homologados ou em desacordo com os requisitos técnicos da Anatel. O novo regulamento amplia os poderes da Anatel para penalizar todos os participantes da cadeia de comercialização de produtos de telecomunicações não homologados, reforçando a fiscalização e a aplicação de sanções”, destaca o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato.

A decisão está fundamentada em pareceres jurídicos da Advocacia-Geral da União e alinhada ao entendimento do Supremo Tribunal Federal. Na prática, marketplaces passam a responder solidariamente com os vendedores por infrações relacionadas à oferta de produtos irregulares, normatizando um entendimento já adotado em decisões da Anatel. A medida inclui a obrigação de divulgar o código de homologação nos anúncios e de verificar a regularidade dos itens ofertados.

O novo regulamento também afasta a tese de que o Marco Civil da Internet protegeria os marketplaces de sanções administrativas por atos de terceiros. O entendimento consolidado é o de que, ao intermediar vendas e controlar aspectos da transação, essas plataformas assumem o papel de fornecedor, nos termos do Código de Defesa do Consumidor.

Desde 2024, a Abinee tem contribuído com as ações coordenadas entre Anatel, Receita Federal, Polícia Federal e Senacon, que reduziram a participação do mercado irregular de celulares, que havia chegado a 19% (no fim de 2024) e atualmente está em 13% do total de aparelhos comercializados no Brasil. Para o ano de 2025, a projeção é atingir 5,2 milhões de unidades irregulares, o que representa 14% do total estimado de 38,4 milhões de celulares vendidos no País.