Nota sobre fechamento do CEITEC

19/06/2020

Atualmente, os países mais desenvolvidos em inovação tecnológica são aqueles que investem na inovação aberta, na pesquisa, desenvolvimento e formação de recursos humanos em tecnologias digitais, notadamente soluções apenas possíveis com as técnicas relacionadas à microeletrônica como um dos ramos pioneiros da nanotecnologia, aos sistemas opto-eletrônicos e aos sistemas bioeletrônicos.

Nesse sentido, o CEITEC foi concebido para ser um centro de referência no hemisfério sul no desenvolvimento de produtos e soluções em microeletrônica, para elevar o nível de desenvolvimento tecnológico e econômico de nosso País, incluindo formação de recursos humanos de altíssimo nível.

O CEITEC vem cumprindo sua missão e, hoje em dia, profissionais brasileiros atuam em renomados centros mundiais no desenvolvimento dos mais avançados sistemas e produtos de microeletrônica.

Embora exista a compreensão de que o atual modelo de negócios crie amarras à gestão e à prospecção de mercados, consideramos que sua simples extinção não seja o caminho mais recomendável. Dessa forma, faz-se necessária, assim, uma ampla discussão para que este importante centro pesquisa e desenvolvimento possa exercer efetivamente seu papel como referência para toda a indústria brasileira, considerando o dinamismo do mercado de tecnologia global e garantindo os benefícios tão necessários para nossa sociedade.

O Estado brasileiro deve cumprir seu papel em estimular a cooperação com a iniciativa privada, fomentar a inovação com uma forte e perene política que privilegie a inovação tecnológica, a gestão focada na criação de valor para a sociedade e o retorno do investimento pelo próprio mercado. Assim, o investimento traria benefício tangível à sociedade, com a formação de recursos humanos de referência para o desenvolvimento de produtos adequados ao mercado global.

O simples fechamento do CEITEC seria o cenário mais desagradável, com a perda de recursos humanos de altíssimo nível e todo um investimento feito até então. O poder público não deveria desperdiçar essa oportunidade de inserir o Brasil nas cadeias globais de valor por viabilizar uma parceria internacional que resulte em ganhos para todas as partes interessadas.