
23 out Conexão Green destaca avanços e desafios da logística reversa
A parceria entre indústria e varejo na logística reversa, os desafios de comunicação para ampliar a conscientização do consumidor e o papel de fiscalização do poder público foram debatidos no evento Conexão Green, realizado em 14 de outubro, Dia Internacional do Lixo Eletrônico.
Na abertura, o presidente-executivo da Green Eletron e da Abinee, Humberto Barbato, salientou a atuação da gestora na busca de expandir o acesso da população a pontos de descarte corretos em todo o território nacional. “Hoje, já estamos presentes em todos os estados e nestes nove anos de atuação já coletamos mais de 24 mil toneladas de lixo eletrônico, evitando uma série de impactos negativos no meio ambiente”, disse.
Segundo ele, para atingir os desafios de dar destinação aos cerca de 2,4 milhões de toneladas geradas no país, é fundamental o engajamento de todos os atores envolvidos no ciclo de vida dos produtos – fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores. Barbato ressaltou ainda a necessidade de maior rigor na fiscalização de importadores e empresas que não cumprem as obrigações da logística reversa. “É uma concorrência desleal”.
O gerente da Green Eletron, Ademir Brescansin, apresentou os resultados da pesquisa encomendada pela gestora e conduzida pela Radar Pesquisas, consultoria de soluções em informações para negócios, a fim de analisar a percepção da população brasileira sobre o lixo eletrônico e seu descarte. Segundo o levantamento, 85% dos brasileiros entrevistados afirmam valorizar e reconhecer iniciativas de logística reversa das marcas.
O estudo é uma iniciativa da gestora, como parte de um trabalho intensivo para conscientização ambiental, com foco na questão dos resíduos eletrônicos. A pesquisa surge como mais uma ferramenta que permite entender o cenário e criar estratégias para a evolução desse mercado como um todo. “Nós observamos nesta pesquisa, feita com quase 3 mil pessoas em todos os estados, que o entendimento e a percepção sobre descarte do lixo são diferentes em cada região, o que ajuda a direcionar a nossa comunicação”.
Diante da necessidade de dar mais visibilidade aos pontos de coleta, a gestora está lançando o Selo Parceiro Green, apresentado durante o evento. São dois tipos de selo, um para parceiros que são um ponto de coleta, com ou sem coletor físico e outro para locais que, embora não sejam um ponto de coleta, fazem parte do sistema de logística reversa como ponto de divulgação. Nesse último caso, o selo traz um QR code para acessar os locais de recebimento. “O objetivo é facilitar a vida do consumidor para que ele rapidamente identifique onde pode descartar seus eletroeletrônicos e pilhas”, afirmou Brescansin.
Parceria fundamental
Um elo importante na cadeia de logística reversa é o varejo. A interação com a Green Eletron e as formas de colaboração para operacionalizar esse sistema foram abordadas pela assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio, Cristina Cortez, e pelo consultor de sustentabilidade do Grupo Casas Bahia, Antônio Antunes. Ambos destacaram que, hoje, há uma maior aceitação dos lojistas para disponibilizarem pontos de coleta de produtos pós-consumo, como mais um serviço para o consumidor. Mas ainda é preciso dar mais visibilidade. “A gente está colocando muita expectativa no selo para que o consumidor identifique os locais”, ressaltou Cristina. Outro fator é a preparação de funcionários para atender a essa demanda. “Nossos colaboradores passam por treinamentos e estão aptos para orientar a população”, completou Antunes.
A representante da Cetesb, Maria Fernanda Pellizon, também ressaltou o trabalho para aprimorar a comunicação com a população sobre o tema. Ela também abordou o papel de fiscalização do órgão, que atualmente se concentra na vinculação da licença ambiental à comprovação de que a empresa faz parte de um sistema de logística reversa. “A gente acaba tendo um escopo restrito”. Diante disso, a fiscalização mais rigorosa a importadores e empresas que não cumprem a lei recai sobre o Ministério do Meio Ambiente e o governo federal. “É um pleito que apoiamos integralmente”, completou a representante da Cetesb.