‘Boom’ de IA eleva demanda por chips, e já há risco de falta do produto para celular e carro, alerta indústria – O Globo – 04/12/2025

O expressivo avanço de data centers para suprir a demanda global por inteligência artificial (IA) fez os preços de semicondutores avançar consideravelmente e há risco de restrições de chips no ano que vem. O alerta é da Associação Brasileira da Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee).

Em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, a entidade destacou que o aumento nos valores dos componentes “já é realidade” tanto no cenário global quando no mercado brasileiro, e que as indústrias monitoram “quando e como” serão impactadas por restrições.

— Com a explosão de data centers e tecnologias de IA o mercado se reposicionou e as empresas de semicondutores estão optando atender esse segmento, que tem um valor agregado maior — afirma Mauricio Helfer, diretor de Informática da associação. — Pela nossa perspectiva, já é algo para impactar o fim desse ano e inicio de 2026. Será um grande desafio para o nosso mercado e também o setor automotivo.

Na coletiva, os diretores da Abinee também apresentaram os resultados apurados em 2025. Apesar de uma queda de 1,4% na produção, a indústria brasileira de eletrônicos encerra o ano com faturamento de R$ 270,8 bilhões, um crescimento real (descontada a inflação) de 4% na comparação com o ano passado.

— O crescimento no faturamento pode ser explicado pela mudança no perfil de consumidor que tem buscado produtos mais sofisticados e novas tecnologias — justifica Humberto Barbato, presidente da entidade.

Apesar do tarifaço imposto pelo governo americano às exportações brasileiras, os envios do setor ao exterior apresentaram alta em 2025 de 3%, totalizando US$ 7,9 bilhões. Os Estados Unidos foram o principal destino das exportações, correspondendo a 26% do total do setor.

— Houve a antecipação de uma série de embarques antes que o tarifaço entrasse em vigor. De uma certa maneira, isso fez contribuiu de forma positiva. Daqui pra frente, a manutenção do tarifaço pode gerar maiores dificuldades — diz Barbato.