24 out Crescimento global de 3% neste ano corre risco
Valor Econômico – 24/10/2025
A ameaça de paralisação na produção de veículos devido a uma disputa geopolítica entre Holanda e China, estimulada pelos Estados Unidos, pode atrapalhar o cenário de recuperação nas vendas de chips para o setor automotivo, após um ano de 2024 mais fraco em vendas.
O mercado global de semicondutores para veículos deve ultrapassar US$ 88 bilhões em faturamento até 2027, impulsionado pela crescente demanda por chips de alto desempenho, projeta a consultoria IDC. Para 2025, a estimativa é de US$ 79 bilhões, aumento de 3% ante 2024. Isso equivale a 10,9% do mercado total de chips, de US$ 728 bilhões, segundo a organização WSTS, que reúne dados do comércio mundial do setor.
As cinco maiores fornecedoras mundiais de chips para veículos – a alemã Infineon, a holandesa NXP, a suíça STMicroelectronics, a americana Texas Instruments e a japonesa Renesas Electronics – projetam crescimento das vendas neste ano, considerando a normalização de estoques vindos da China. Para este segundo semestre, no entanto, a previsão dos fabricantes é cautelosa, considerando o término dos subsídios de manufatura na China, a pressão sobre os preços na cadeia de suprimentos e a contínua redução de estoques pelas montadoras.
A Nexperia, pivô da ameaça de falta de chips para carros, é uma antiga divisão da holandesa NXP que foi vendida a um consórcio de empresas chinesas em 2017 por US$ 2,75 bilhões.
A indústrias automotiva e de eletroeletrônicos conhecem bem o impacto do fechamento de fábricas de componentes na China no auge da pandemia da covid-19 e sabem que o restabelecimento da cadeia produtiva de chips é lento.
Para o setor de eletroeletrônicos, uma eventual falta de chips não ameaça a oferta de celulares e computadores no Brasil por conta da projeção de um ano menos aquecido em vendas, explica o diretor de pesquisas da IDC, Reinaldo Sakis.
Procurada pelo Valor, a Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee) diz que seus associados “não relataram dificuldades em relação ao fornecimento de semicondutores devido às recentes tensões geopolíticas” e que a entidade e os fabricantes “permanecem monitorando a situação”.