
11 set Congresso FIEE debate tendências da eletromobilidade no Brasil e no mundo
O tema central do segundo dia do Congresso FIEE (10/9) foi o debate sobre tendências da eletromobilidade no Brasil e no mundo. Os painéis reuniram especialistas que abordaram os diversos aspectos do tema, destacando a cadeia de veículos elétricos, bem como o papel estratégico dos componentes eletroeletrônicos, da automatização, do armazenamento de energia e da digitalização, como pilares dessa transformação.
“A eletromobilidade é mais do que uma tendência. É uma revolução industrial que integra mobilidade, energia e tecnologia”, afirmou a Country Manager da Latam Mobility no Brasil, Daniela Garcia, responsável pela curadoria das palestras. Segundo ela, a eletromobilidade também abre espaço para a reindustrialização do Brasil. “Vivemos um momento em que a indústria 4.0 se consolida como um caminho para o desenvolvimento. Essa revolução industrial conecta inteligência artificial, automação, conectividade e sustentabilidade, criando uma oportunidade única para o Brasil de gerar empregos qualificados, riqueza econômica e benefícios ambientais”, explicou.
Abordando o mercado brasileiro, o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, apresentou dados sobre a expansão da cadeia de valor dos veículos eletrificados no país, com destaque para infraestrutura de recarga, certificação de componentes e produção local. “O Brasil tem características que podem nos tornar uma referência no mundo em eletromobilidade, principalmente quando a gente conecta os veículos elétricos aos híbridos, com uso de biocombustível”.
Bastos destacou que a chegada de novas montadoras e o anúncio de projetos de produção nacional reforçam o movimento de integração do Brasil à cadeia global de eletrificação. Segundo ele, a previsão é de que as vendas de veículos eletrificados no Brasil devem crescer mais de 20% em 2025, atingindo ao final do ano cerca de 215 mil unidades emplacadas no país. Ele ressaltou o papel do transporte público eletrificado como fator relevante para levar os benefícios da eletromobilidade a toda a população. Apesar dos avanços e oportunidades, ele ressaltou como desafio para a expansão desse mercado a regulamentação da infraestrutura para pontos de recarga de veículos elétricos a serem instalados em novos edifícios residenciais e comerciais.
No segundo painel do dia, a sócia-líder de Mercados Industriais da KPMG Brasil e Cluster América do Sul, Flavia Spadafora, apresentou um panorama comparativo entre as tendencias brasileiras e o que está sendo desenvolvido no mundo. Segundo ela, o mercado brasileiro está alinhado com o comportamento global. “As projeções indicam crescimento bastante forte de elétricos e de híbridos. Os países têm incentivado isso e, globalmente, essa é uma tendência”. Segundo ela, as vendas de veículos elétricos devem alcançar 40% do mercado total até 2035. A especialista avaliou que o Brasil pode desempenhar papel relevante por congregar uma indústria automotiva robusta e matérias-primas, que pode tornar o país exportador de novas tecnologias.
O painel “Indústria, Energia e Conectividade no Centro da Mobilidade Elétrica” reuniu executivos de empresas para debater o papel da indústria, as possibilidades de adensamento de cadeia, além das necessidades de padronização e qualidade, como forma de avançar a eletrificação. Durante as apresentações foram discutidos modelos de cooperação capazes de reduzir custos, ampliar a infraestrutura energética e expandir a oferta de soluções de conectividade e interoperabilidade.
O encerramento reuniu quatro painéis simultâneos sobre soluções específicas de veículos elétricos: caminhões e vans, veículos levíssimos, ônibus e veículos leves. Os palestrantes destacaram que o desenvolvimento de produtos projetados desde a origem para a eletrificação, junto à infraestrutura de recarga, padronização de componentes e políticas públicas, é essencial para dar escala ao mercado. O painel também evidenciou que a viabilidade da eletromobilidade exige coordenação entre indústria, governo e fornecedores de energia e conectividade, consolidando a transição tecnológica como estratégia para o desenvolvimento sustentável do setor no país.