J João Cabral de Melo Neto lembra, em uma de suas poesias mais célebres, que a manhã não é tecida pelo canto de um único galo. É preciso que outros soltem o seu canto e, juntos, teçam a manhã, que aparecerá então brilhante como “luz balão”, “toldo tão aéreo”. Tal como a manhã do poeta, o tecido de que é feito o setor eletroeletrônico brasileiro não é obra de um homem só. É trabalho coletivo. Nasceu de muitas mãos. Mãos hábeis de imigrantes europeus e seus descendentes. Mãos operosas de imigrantes asiáticos e seus filhos. Mãos destemidas de brasileiros natos. Mãos inquietas de quem nasceu para empreender, para construir um sonho, para criar alguma coisa onde não havia nada. Esse consórcio de talentos, coragem e capacidade de empreender fez surgir ali um pequeno fabricante de rádios elétricos (marca Proteus, 1923), mais tarde a primeira indústria nacional de motores (Motores Elétricos Brasil, 1928), no ano seguinte, uma fábrica de lâmpadas (GE, 1929), pouco depois, uma pequena fábrica de acumuladores elétricos (Saturnia, 1931) e nesse intervalo apareceram também outras indústrias, produzindo materiais elétricos de instalação e alguns outros itens. Recursos financeiros eram escassos. Eugênio Lorenzetti, engenheiro industrial e químico, formado na Escola de Milão, aportou no Brasil em 1924 com 40 liras na bagagem, acompanhado do irmão, Lorenzo, técnico agrimensor. Juntos, eles se associaram ao pai, Alessandro, “Um galo sozinho não tece a manhã: ele precisará sempre de outros galos.” “Tecendo a Manhã” (Poesia de João Cabral de Melo Neto) “A lone cock does not the morn prepare: he always needs the other cocks.” “Preparing the morn” (Poem by João Cabral de Melo Neto) João Cabral de Melo Neto reminds us in one of his most famous poems that the morning is not crowed by one cock alone. It is necessary that others crow and, together, prepare the morning, which will then brilliantly appear as “the light from a balloon”, “such an aerial awning”. Like the poet’s morning, the weave from which the Brazilian electro electronic sector is woven is not the work of a single man. It is collective labor, born of many hands. The skillful hands of European immigrants and their descendents. Callused hands of Asian immigrants and their children. Fearless hands of native Brazilians. Restless hands of those born entrepreneurs, to build a dream, to create something where nothing existed before. From this consortium of talent, courage and the capacity to become entrepreneurs arose a small factory of electric radios (Proteus, 1923), then later the first national motor industry (Motores Elétricos Brasil, 1928), and in the following year, a lamp factory (GE, 1929), a little later, a small plant of electrical accumulators (Saturnia, 1931) and in this period other industries also appeared, producing electrical installation materials and other items. Financial resources were scarce. Eugênio Lorenzetti, an industrial and chemical engineer, graduated from the School of Milan, landed in Brazil in 1924 with 40 lira in his pocket, accompanied by his brother, Lorenzo, a surveyor. Together they went into business with their História tecida com brilho e energia History woven with brilliance and energy 13 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l
RkJQdWJsaXNoZXIy NTY5NTk=