Livro comemorativo - Abinee 45 anos

A Voz da Indústria Elétrica e Eletrônica do Brasil The Voice of the Eletrical and Eletronics Industry of Brazil

A Voz da Indústria Elétrica e Eletrônica do Brasil The Voice of the Eletrical and Eletronics Industry of Brazil

Expediente Masthead Conselho Editorial Editorial Board Humberto Barbato, Dário Roberto Teixeira Bampa, José Carlos de Oliveira Coordenação Coordination José Carlos de Oliveira, Cássia Baraldi Editor Responsável Responsible Editor Antonio Carlos Bellini Amorim Pesquisa Histórica e Textos Historical Research and Texts Hélvio Falleiros Edição e Pesquisa Iconográfica Edition and Iconographic Research Cinthia Anhesini Colaboração Especial Special Collaboration Anderson Jorge de Souza Filho, Aurélio Barbato, Emídio Maciel Madruga, Fabian Yaksic, Jean Carlo Martins, Luiz Cezar Elias Rochel, Mario Roberto Branco, Nestor Ramos, Roberto Barbieri e Vera Lúcia de Oliveira Projeto Gráfico e Editoração Graphic Design and Publishing Carlos Baptista, Ricardo Campos Organização Editorial Editorial Organization Gabriela Luz Versão para o Inglês Translation to English MatrixIdiomas / Michael A. Jacobs Revisão de Textos Text Revision Márcia Pellicer Fotografias Photographs Arquivo Abinee, Arquivo Eletropaulo, Arquivo Telefônica, Fábio Colombini, Keystone, Stock.xchng, Acervo da Memória da Eletricidade, Caio Coronel / Itaipu Binacional Impressão Impression Gráfica Atrativa Agradecimentos Thanks to Diretores da Abinee e Empresas Patrocinadoras [Abinee Directors and Sponsoring Companies] Impresso em setembro de 2008 Printed in september 2008 antonio@bellinicultural.com.br www.bellinicultural.com.br - tel. (011) 6856-7886 Avenida das Magnólias, 1.017 - Cidade Jardim - São Paulo-SP - CEP 05674-002 São Paulo, 2008 - Copyright © 2008 - Bellini Cultural. Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica, mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outra, sem permissão expressa do editor. All rights reserved. No part of this publication may be reproduced, stored in a retrieval system, or transmitted in any form or by any means, electronic, mechanical, photocopying, recording, or otherwise, without the prior written permission of the publisher.

A Voz da Indústria Elétrica e Eletrônica do Brasil The Voice of the Eletrical and Eletronics Industry of Brazil

Abinee’s history is a platform for the future História da Abinee é plataforma para o futuro

ÉÉ um privilégio presidir a Abinee. Basta olhar a sua rica e movimentada trajetória, refletida nas páginas desta obra, que comemora os 45 anos de criação da entidade. É uma honra suceder e desempenhar a mesma função um dia assumida por líderes, como Manoel da Costa Santos, Firmino Rocha de Freitas, Aldo Lorenzetti, Paulo Vellinho, Nelson Peixoto Freire, Benjamim Funari Neto, Carlos de Paiva Lopes e Ruy de Salles Cunha. O nome de cada um deles está inscrito no panteão dos homens que fizeram a história da indústria eletroeletrônica brasileira. É uma grande responsabilidade levar adiante esse bastão e conduzir os destinos da Abinee para um futuro pleno de conquistas e realizações, superando obstáculos conjunturais e estruturais que se interpõem nesse caminho. É um desafio fazer desse legado histórico não uma âncora, que aprisiona e imobiliza, mas uma plataforma de lançamento, que projeta e lança a entidade rumo ao futuro. É possível que nenhum outro segmento industrial represente tão bem, como a indústria eletroeletrônica, as mais saudáveis e generosas aspirações humanas de desenvolvimento econômico e tecnológico. Nossa indústria marca presença no dia-a-dia do brasileiro e da sociedade em todo o planeta. É uma presença nem sempre claramente percebida, tantas são as suas manifestações na rotina diária de pessoas e empresas, por meio de uma tomada, de um interruptor elétrico e de aparelhos eletrodomésticos, passando por toda a infraestrutura de energia elétrica, e assumindo a vanguarda na área de tecnologia da informação e comunicação e seus componentes. Esta obra é um registro histórico da trajetória da indústria elétrica e eletrônica brasileira e de sua entidade representativa, a Abinee. E é, ao mesmo tempo, uma homenagem a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para que fossem alcançadas todas as conquistas aqui registradas. Parabéns, Abinee! Humberto Barbato - Presidente It is a pleasure to preside over Abinee. Just take a look at its rich and lively trajectory, reflected in the pages of this work commemorating the 45 years since its foundation. It is an honor to follow and execute the same position as that one day taken on by leaders such as Manoel da Costa Santos, Firmino Rocha de Freitas, Aldo Lorenzetti, Paulo Vellinho, Nelson Peixoto Freire, Benjamim Funari Neto, Carlos de Paiva Lopes and Ruy de Salles Cunha. The name of each one of them is inscribed on the pantheon of men making up the history of the Brazilian industry of electro electronics. It is an enormous responsibility to continue carrying the baton and be in charge of the destiny of Abinee into a future full of conquests and achievements, overcoming the obstacles of conjuncture and structure placed in our way It is a challenge to make of this historical legacy not an anchor, which imprisons and immobilizes, but a launch platform, projecting and launching the entity on its way to the future. It’s possible that no other industrial segment, apart from electro electronics, represents the healthiest and generous human aspirations of economic and technological development so well. Our industry is present in day to day Brazilian life and in society around the entire planet. It is not always a clearly perceived presence, as there are so many manifestations in the daily routine of people and companies, through an outlet, a switch, domestic appliances, going on through the entire electrical energy infrastructure, taking in the vanguard in information and communications technology and its components. This work is an historical register of the trajectory of the Brazilian electrical and electronic industry and its representative entity, Abinee. And it is, at the same time, a tribute to all those who have contributed in some way to achieving all of the conquests registered here. Congratulations Abinee! Humberto Barbato - President

Índice [Index] História tecida com brilho e energia 13 History woven with brilliance and energy A força e o talento dos líderes 53 The strength and talent of the leaders Um desafio ainda a ser vencido 71 A challenge still to be overcome Do sonho à realidade em 10 anos 79 From dream to reality in 10 years De cérebro eletrônico a assistente pessoal 89 From electronic brain to personal assistant Um passo a frente 95 A step forward 1 2 3 4 5 6

Capítulo 1 Chapter 12 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

J João Cabral de Melo Neto lembra, em uma de suas poesias mais célebres, que a manhã não é tecida pelo canto de um único galo. É preciso que outros soltem o seu canto e, juntos, teçam a manhã, que aparecerá então brilhante como “luz balão”, “toldo tão aéreo”. Tal como a manhã do poeta, o tecido de que é feito o setor eletroeletrônico brasileiro não é obra de um homem só. É trabalho coletivo. Nasceu de muitas mãos. Mãos hábeis de imigrantes europeus e seus descendentes. Mãos operosas de imigrantes asiáticos e seus filhos. Mãos destemidas de brasileiros natos. Mãos inquietas de quem nasceu para empreender, para construir um sonho, para criar alguma coisa onde não havia nada. Esse consórcio de talentos, coragem e capacidade de empreender fez surgir ali um pequeno fabricante de rádios elétricos (marca Proteus, 1923), mais tarde a primeira indústria nacional de motores (Motores Elétricos Brasil, 1928), no ano seguinte, uma fábrica de lâmpadas (GE, 1929), pouco depois, uma pequena fábrica de acumuladores elétricos (Saturnia, 1931) e nesse intervalo apareceram também outras indústrias, produzindo materiais elétricos de instalação e alguns outros itens. Recursos financeiros eram escassos. Eugênio Lorenzetti, engenheiro industrial e químico, formado na Escola de Milão, aportou no Brasil em 1924 com 40 liras na bagagem, acompanhado do irmão, Lorenzo, técnico agrimensor. Juntos, eles se associaram ao pai, Alessandro, “Um galo sozinho não tece a manhã: ele precisará sempre de outros galos.” “Tecendo a Manhã” (Poesia de João Cabral de Melo Neto) “A lone cock does not the morn prepare: he always needs the other cocks.” “Preparing the morn” (Poem by João Cabral de Melo Neto) João Cabral de Melo Neto reminds us in one of his most famous poems that the morning is not crowed by one cock alone. It is necessary that others crow and, together, prepare the morning, which will then brilliantly appear as “the light from a balloon”, “such an aerial awning”. Like the poet’s morning, the weave from which the Brazilian electro electronic sector is woven is not the work of a single man. It is collective labor, born of many hands. The skillful hands of European immigrants and their descendents. Callused hands of Asian immigrants and their children. Fearless hands of native Brazilians. Restless hands of those born entrepreneurs, to build a dream, to create something where nothing existed before. From this consortium of talent, courage and the capacity to become entrepreneurs arose a small factory of electric radios (Proteus, 1923), then later the first national motor industry (Motores Elétricos Brasil, 1928), and in the following year, a lamp factory (GE, 1929), a little later, a small plant of electrical accumulators (Saturnia, 1931) and in this period other industries also appeared, producing electrical installation materials and other items. Financial resources were scarce. Eugênio Lorenzetti, an industrial and chemical engineer, graduated from the School of Milan, landed in Brazil in 1924 with 40 lira in his pocket, accompanied by his brother, Lorenzo, a surveyor. Together they went into business with their História tecida com brilho e energia History woven with brilliance and energy 13 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

Energia elétrica e iluminação parecem faces da mesma moeda. Mas não foi assim desde o início. Ao longo do século 19, a energia elétrica destinouse inicialmente às comunicações por telégrafo e à indústria metalúrgica (galvanoplastia). O uso em larga escala da iluminação começou com a lâmpada incandescente, patenteada por Thomas Alva Edison, em 1879, que ampliou substancialmente as perspectivas econômicas da indústria da eletricidade. Mas a universalização do uso da iluminação não foi ainda plenamente alcançada em escala global mesmo no século 21. Electrical power and lighting appear to be two faces of the same coin. But it hasn’t always been like that. Throughout the 19th century electrical power was initially used for telegraph communications and the metallurgical industry (electroplating). Largescale usage began with the incandescent lamp patented by Thomas Alva Edison, in 1879, which substantially increased the economic perspectives of the electricity industry. But the universalization of the use of lighting still has not been fully reached on a global scale, even in the 21st century. 14 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

father, Alessandro, to continue with his precision-screw factory, set up in 1923. Little by little, the Lorenzettis extended their product line, with a lot of creativity, launching products which would make history, such as the automatic electric shower, a company patent, created by Lorenzo, which would go on to be the company mainstay from the fifties on. Like the Lorenzettis, other pioneers added their efforts of ingenuity to the creation of the fledgling Brazilian electrical and electronic industry. Around 1940 the still dawning Brazilian electro electronic industry was already appearing in official statistics. The recently created industries employed about five thousand workers – just 0.6% of the total employed in the transformation industry of the day. The market was, in truth, amply dominated by imported goods, which were considered as more prestigious by the consuming public and companies. However, historical and economic circumstances, together with governmental decisions, changed the course of events, already avoring local production in the forties. SUBSTITUTING IMPORTS The stimulus that was missing During the Second World War (1939-45) the European, American, and Asian industrial powers were absorbed by the war effort which was taking up all their attention and energy. The space for foreign trade was restricted. The war, a threat and tragedy of enormous proportions for the world, represented an opportunity for the newborn Brazilian industry to supply the internal market, dominated until then by imports, which now began to grow and gain industrial-scale productivity. A similar phenomenon occurred in the early years of the twenties involving non-durable consumer goods such as foodstuffs, beverages, textiles, clothing. At that moment, spontaneously and without any government intervention, the process called by economists Industrialization by Substitution of Imports (ISI) occurred, attesting to Brazil’s industrial vocation. The next step would be to do the same with intermediate goods (industrial raw materials such as oil and steel), capital goods (machinery and equipment) and, especially, durable goods (domestic appliances, automobiles, electrical goods in general). Starting in the forties, what had been spontaneous, became intentional. The process of substituting imports then came under the control of public authorities, acting by means of several mechanisms. para dar continuidade à fábrica de parafusos de precisão, criada em 1923. Aos poucos, a Lorenzetti amplia sua linha, com muita criatividade, lançando produtos que fariam história, como o chuveiro elétrico automático, uma patente da companhia, criada por Lorenzo, que se transformou no carro-chefe da empresa a partir da década de 50. Assim como os Lorenzetti, outros pioneiros somaram a força do seu engenho à criação da nascente indústria elétrica e eletrônica brasileira. Por volta de 1940, o setor eletroeletrônico brasileiro, ainda no seu alvorecer, já aparecia como tal nas estatísticas oficiais. As indústrias recém-criadas empregavam cerca de cinco mil trabalhadores – apenas 0,6% do total empregado pela indústria de transformação à época. O mercado era, na verdade, dominado amplamente pelos importados, que desfrutavam de prestígio perante o público consumidor e as empresas. No entanto, circunstâncias históricas e econômicas, aliadas a decisões governamentais, mudaram o rumo dos acontecimentos, em favor da produção local, já durante a década de 40. SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES O estímulo que faltava Durante a Segunda Guerra Mundial (1940-45), as potências industriais da Europa, América e Ásia estavam absorvidas pelo esforço bélico, que consumia todas as suas atenções e energias. O espaço para comércio exterior ficou restrito. A guerra, uma ameaça e uma tragédia de grandes proporções para o mundo, representou para a nascente indústria brasileira uma oportunidade de suprir o mercado interno, até então dominado pelos importados, crescendo e ganhando escala de produção. Fenômeno semelhante ocorrera nos primeiros anos do século 20, envolvendo os bens de consumo não-duráveis, como alimentos, bebidas, têxteis, vestuário. Aconteceu naquele momento, de forma espontânea, sem a intervenção do governo, o processo que os economistas chamam de Industrialização por Substituição de Importações (ISI), o que atesta a vocação industrial do Brasil. O próximo passo seria fazer o mesmo com os bens intermediários (insumos industriais, como petróleo e aço), bens de capital (máquinas e equipamentos) e, especialmente, os bens duráveis (eletrodomésticos, automóveis, produtos elétricos em geral). A partir da década de 40, o que tinha até ali sido espontâneo ganhou intencionalidade. O processo de substituição de importações passa então ao controle direto do Poder Público, que atua por meio de diversos mecanismos. Bonde elétrico no centro da cidade de São Paulo, 1928. Electric tram in the center of the city of São Paulo, 1928. 15 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

16 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

By adopting this path the Brazilian government was not exactly moved by the intention of protecting or favoring local business or internal production. The origin of this policy was in the scarcity of dollars to meet import needs. The hypothesis raised by the government of seeking North American help in the quest for dollars had to be put aside. The Americans already had a lot to do reconstructing a Europe devastated by five years of war. With the door closed to outside resources, the only way left for the Brazilian government to face the scarcity of dollars was to impose limits on imports. This it did from mid 1947, keeping the exchange rate overvalued, a measure which made imports substantially more expensive, and adopting barriers for the importation of non-essential consumer goods and also those products having similar ones made in Brazil. The result was an explosion of industrial production and, in a special way, of the “Electrical Material” industry, according to the official terminology applied at that time. If the growth of the industry of transformation was impressive, as observed between 1946 and 1950, with an annual average of 9%, against GNP (Gross national Product) growth of 8.1%, the performance of the electrical sector surpassed all expectations, growing at an incredible annual average of 28%, accompanied closely by the Transport Material (25%) and Metallurgy (22%) industries. It was an exceptional period, which announced the force and vigor through which the sector would go starting from the fifties. After recording sales of US$ 7 million in1940, the electrical sector grows 550% through the decade, especially the second half, reaching 1950 with sales of over US$ 46 million. The number of jobs tripled, going from five thousand to more than 16 thousand. Even then, the battle was far from won. Imported products still accounted for 40% of the domestic offer of electrical material in 1950. It is noteworthy that the growth of the sector in this period was an indirect consequence of the exchangerate policy and import restrictions adopted by the government as a solution for balance of payments problems. The expansion of the industry and, in a special way, the electro electronics industry at that time, was due to the businessmen themselves and their collaborators, who took advantage of the opportunity opening up on that occasion. Ao adotar tal caminho, o governo brasileiro não foi movido exatamente pela intenção de proteger ou favorecer a indústria local, a produção interna. A origem dessa política estava na “escassez de dólares” para fazer frente às necessidades de importação. A hipótese aventada pelo governo de recorrer à ajuda norte-americana em busca de dólares teve de ser deixada de lado. Os americanos tinham já muito o que fazer para reconstruir a Europa devastada por cinco anos de guerra. Fechada a porta de acesso aos recursos externos, o único caminho que restou ao governo brasileiro, para enfrentar a carência de dólares, foi impor limites aos importados. E foi o que ele fez a partir de meados de 1947, mantendo sobrevalorizada a taxa de câmbio, medida que encarecia substancialmente as importações, e adotando barreiras à importação aos bens de consumo não-essenciais e também aos produtos que tivessem similar nacional. O resultado foi uma explosão da produção industrial e, de modo especial, da indústria de “Material Elétrico”, segundo a terminologia oficial que se aplicava à época. Se foi expressivo o crescimento da indústria de transformação, observado entre 1946 e 1950, com média anual de 9%, contra um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 8,1%, o desempenho do setor elétrico ultrapassou todas as expectativas, crescendo à incrível média anual de 28%, acompanhado de perto pelas indústrias de Material de Transporte (25%) e Metalurgia (22%). Foi um período excepcional, que prenunciava a força e pujança que o setor passaria a assumir a partir da década de 50. Depois de registrar vendas de US$ 7 milhões em 1940, o setor elétrico cresce 550% ao longo da década, especialmente em sua segunda metade, chegando a 1950 com um faturamento acima de US$ 46 milhões. O número de empregos triplica, passando de cinco mil para 16 mil. Mesmo assim, a batalha estava longe de ser vencida. Os produtos importados respondiam ainda por 40% da oferta doméstica de Material Elétrico em 1950. Ressalte-se que o crescimento do setor nesse período foi conseqüência indireta da política cambial e das restrições às importações adotadas pelo governo como solução para os problemas no balanço de pagamentos. A expansão da indústria e, de modo especial, da indústria eletroeletrônica nesse momento foi obra dos próprios empresários e seus colaboradores, que aproveitaram a oportunidade que se abrira naquela ocasião. Jardim da Luz, 1908. Primeiro espaço público iluminado. Jardim da Luz (Garden of the Light), 1908. First illuminated public thoroughfare. 17 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

Ao participar na Filadélfia das comemorações do Centenário da Independência dos Estados Unidos, D. Pedro II encontra-se com Graham Bell, o grande inventor, com quem o imperador do Brasil se correspondia por cartas havia dois anos. Bell mostrou a D. Pedro o seu invento. Sua Majestade ficou maravilhado ao ouvir, através daquele aparelho, a voz nítida de Graham Bell, que estava a 150 metros de distância. Registrado por vários jornalistas, o fato aconteceu no dia 25 de junho de 1876 e ficou na história – tanto do império quanto do novo meio de comunicação. O telefone consagrou-se já nos primeiros anos. No caso brasileiro, as primeiras linhas telefônicas foram instaladas no Rio de Janeiro em 1877 e utilizadas para a comunicação entre repartições do governo, órgãos militares e o corpo de bombeiros. While participating in the commemorations of Centennial of Independence of the United States in Philadelphia, Don Pedro II met Graham Bell, the great inventor with whom the emperor of Brazil had been corresponding for two years. Bell shows Don Pedro his invention. His majesty is astounded to hear through that apparatus the clear voice of Graham Bell, who is 150 meters away. Registered by several journalists, this fact occurred on the 25th of june, 1876 and went down in history – in the history of the Empire as well as of the new means of communication. The telephone had found its place right from the start. In the case of Brazil, the first telephone lines were installed in Rio de Janeiro in 1877 and used by government agencies, the military and the fire brigade. 18 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

Vargas and JK: more growth Having built the runway during the decade of the forties, the electro electronics industry is ready to take off in the next decade. There is no lack of political crises in this period. The most serious ended with the suicide of President Getúlio Vargas, in August 1954. From an economic point of view, however, the decade was extremely advantageous. Vargas created Petrobras and the Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (National Bank for Economic Development) (BNDE), with the incumbency of being the main organ to offer long-term financing to industry. The substitution of imports is maintained and deepened. A nationalistic non-dogmatic posture is adopted in the economy. The result is a drop of 40% in industrial imports between 1952 and 1956. In the case of the electro electronics industry, the drop is even more spectacular, reaching 70% - which reduces by half the participation of imports in domestic offer, going from 16% in 1952 to 7% in 1956. Overcoming the crisis due to Vargas’ death, Juscelino Kubitschek wins the elections and takes over as President of the Republic. Then in 1956 he creates the Conselho de Desenvolvimento (Development Board), under the command of Lucas Lopes, also President of the BNDE, whose mission it is to diagnose the strangulation points of the economy and propose solutions, including solutions for infrastructure, especially in the areas of energy and transports. The Board defines 30 specific goals, distributed over five sectors. JK baptizes the job as the “Target Plan”. The areas of energy and transport receive the greater part of the resources (71%), paid for by the Public Power. If funding is not available for the investments foreseen in the Plan, also including that necessary for financing the part due to the private sector, the government adopts the easiest way out: the issue of currency, financing by means of inflation whose consequences will be felt throughout the decade of the sixties. Those investments intended for the private sector are directed to the automobile, shipbuilding, heavy machinery and electrical equipment industries. Driven by this high-octane fuel the Brazilian economy is riding high on the wave of growth, with an average annual rate of a nearly 8% increase in GNP between 1956 and 1962. The electro electronics industry goes further, keeping an annual growth average of 13.3% - enough to make Chinese industry envious in the 21st century. Sales in the sector, which employs 59 thousand workers, reach US$ 247 million. Vargas e JK: mais crescimento Construída a pista de decolagem durante a década de 40, a indústria eletroeletrônica está pronta para alçar vôo no decênio seguinte. Não faltam crises políticas no período. A mais grave delas culmina no suicídio do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 1954. Do ponto de vista econômico, no entanto, a década é extremamente profícua. Vargas cria então a Petrobras e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), com a incumbência de ser o principal órgão a oferecer financiamento de longo prazo para o setor industrial. É mantida e aprofundada a política de substituição de importações. Adota-se na economia uma postura nacionalista de caráter não-dogmático. O resultado é uma queda de 40% nas importações industriais entre 1952 e 1956. No caso do setor eletroeletrônico, a queda é ainda mais espetacular, chegando a 70% – o que reduz pela metade a participação dos importados na oferta doméstica, que passa de 16%, em 1952, para 7%, em 1956. Superada a crise decorrente da morte de Vargas, Juscelino Kubitschek vence as eleições e assume a Presidência da República. Logo em fevereiro de 1956, cria o Conselho de Desenvolvimento, sob o comando de Lucas Lopes, também presidente do BNDE, cuja missão é fazer um diagnóstico dos pontos de estrangulamento da economia nacional e propor soluções, inclusive para a infra-estrutura, especialmente nas áreas de energia e transportes. O Conselho define 30 objetivos (metas) específicos, distribuídos por cinco setores. JK batiza o trabalho de “Plano de Metas”. As áreas de energia e transportes recebem a maior parte dos recursos (71%), bancados pelo Poder Público. Na falta de dotações orçamentárias para fazer frente aos investimentos previstos no Plano, necessários inclusive para financiar a parte que cabia ao setor privado, o governo adota o caminho mais fácil: a emissão de moeda, o financiamento por meio da inflação, cujas conseqüências seriam sentidas ao longo da década de 60. Aqueles investimentos que cabiam ao setor privado eram dirigidos à indústria automobilística, de construção naval, mecânica pesada e de equipamentos elétricos. Impulsionada por esse combustível de alta octanagem, a economia brasileira surfou alto na onda do crescimento, mantendo média anual de quase 8% de aumento do PIB (Produto Interno Bruto), entre 1956 e 1962. A indústria eletroeletrônica vai além, mantendo média anual de 13,3% de crescimento – de fazer inveja à indústria chinesa no século 21. As vendas do setor, que empregava 58 mil trabalhadores, chegam a US$ 247 milhões. Presidente Getúlio Vargas na década de 40. President Getúlio Vargas in the forties. 19 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

Foi Thomas Edison quem instalou a primeira central elétrica nos Estados Unidos. Aconteceu em Nova York, em 1882. Edison desenvolveu um gerador movido a vapor com capacidade para geração de 560 kW. A central passou a fornecer iluminação aos felizardos moradores de 59 residências localizadas num raio de 800 metros. It was Thomas Edison who installed the first electrical power station in the United States. It happened in New York, in 1882. Edson developed a steam-powered generator with a generating capacity of 560 kW. The plant began supplying lighting to the happy residents of 59 homes located within a radius of 800 meters. 20 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

In a more ample 10-year period, between 1952 and 1961, the added industrial value records average annual growth of 11.6%. In the case of the durable goods industry, which includes the electro electronic sector, this index grows even more – 18.2% each year, on average. This makes the participation of the durable goods industry increase from 6% of GNP in 1952 to 12% in 1961. Structural changes and political crisis The Brazil going in to the sixties is much different to the Brazil twenty years earlier. The economy was going through structural changes. The countryside was losing economic importance and political clout. Agriculture, which answered for a quarter of everything produced in the country in 1950 watches the rapid and progressive decline in its participation in the economy, limited to 16.3 of GNP in 1963. Industry, on the other hand, continues to grow. Its participation, which was 24.1% of GNP in 1950, goes to 32.5% in 63. Social changes were not less important. Labor legislation, despite failings and distortions which last even today, certainly contributed to modernize and discipline relations between capital and labor. Responding to these transformations and attracted by the irresistible force of the consumer society that at that moment was structuring itself, the Brazilian population was making swift moves, abandoning the countryside and migrating to the larger cities, such as São Paulo, Rio de Janeiro and Belo Horizonte An active middle class, although still not numerous, was already able to take advantage of the benefits of this consumer society, still inaccessible to the majority of the population. In 1963, gas stoves were present in 27% of Brazilian households. Refrigerators in 15%. Televisions were even more restricted and only reached 7.5% of homes. There were therefore many people left out of the banquet. On the horizon the dark clouds of political, economic and social crisis were gathering. In the economic field, inflationary financing of industrial expansion, put into effect in the golden years of “JK”, was here to present its bill to society. Inflation, which since 1958 had been in annual double digits, was showing clear signs of being out of control. Figures jumped from 52% in 1962 to 80% the following year, and were pointing upwards. In the first months of 1964 yearly-based inflation was over 140%. In the political arena, the situation is even more disheartening. Jânio Quadros, elected in 1960, had been in the post just seven months, renounces the PresidenNum período mais amplo, de cerca de 10 anos, entre 1952 e 1961, o valor adicionado industrial registra crescimento médio anual de 11,6%. No caso da indústria de bens duráveis, que inclui o setor eletroeletrônico, esse índice cresce ainda mais – 18,2% a cada ano, em média. Isso fez com que a participação da indústria de bens duráveis passasse de 6%, em 1952, para 12% do PIB em 1961. Mudanças estruturais e crise política O Brasil que começa a década de 60 é muito diferente daquele de 20 anos antes. A economia passara por mudanças estruturais. O campo perdera importância econômica e peso político. A agricultura, que respondia por um quarto de tudo o que era produzido no País em 1950, assiste à rápida e progressiva queda de sua participação na economia, limitada a 16,3% do PIB em 1963. A indústria, ao contrário, só faz crescer. Sua participação, que era de 24,1% do PIB em 1950, passa a 32,5% em 1963. As mudanças sociais não foram de menor importância. A legislação trabalhista, a despeito de falhas e distorções que perduram ainda hoje, contribuiu certamente para modernizar e disciplinar as relações entre capital e trabalho. Respondendo a essas transformações e atraídas pela força irresistível da sociedade de consumo que naquele momento se estruturava, a população brasileira faz então movimentos rápidos, abandonando progressivamente o campo e migrando para as cidades, especialmente para as grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Uma classe média ativa e atuante, ainda que pouco numerosa, já podia desfrutar das benesses dessa sociedade de consumo, ainda inacessíveis à maioria da população. Em 1963, os fogões a gás estavam presentes em 27% dos domicílios brasileiros. Geladeiras, em 15% dos lares. Televisores eram ainda mais restritos e só atingiam 7,5% das residências. Havia, portanto, muita gente fora desse banquete. No horizonte, cresciam as nuvens escuras da crise política, econômica e social. No campo econômico, o financiamento inflacionário da expansão industrial, levada a efeito nos “anos dourados” de JK, vinha agora oferecer a conta à sociedade. A inflação, que desde 1958 seguia no ritmo de dois dígitos anuais, mostrava sinais claros de descontrole. Os índices saltam de 52%, em 1962, para 80%, no ano seguinte, e apontam para cima. Nos primeiros meses de 1964, a inflação anualizada já é de 140%. Na arena política, o cenário é ainda mais desalentador. Jânio Quadros, eleito em 1960, permanece apenas 21 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

cy of the Republic and leaves the responsibility of running the country at this moment of turmoil to his Vice President, João Goulart. Nerves are stretched to their limit, with various groups becoming very radical. There was on the government’s part and that of the unions, an effort to open up to the popular levels, all at once, the access doors to the fruit of the still incipient process of growth, by means of salary increases, unsustainable from the viewpoint of economic reality. Brazilian society is split. Startled by the force of social pressure the middle classes take to the streets in protest against the government, and with this supplying the political basis for the military to decide the crisis by strength, interrupting Jango’s government by a coup d’etat, a new chapter begins. Leaders decide to create Abinee It is within this context of crisis, with an eye on the political and economic hurricane, that a group of businessmen from the electro electronic sector, under the leadership of Manoel da Costa Santos, decide to create a new association which could represent the sector, giving them a voice and a turn, and making fair the importance already conquered. In 1962, Costa Santos is elected president of Sinaees (Union of the Industry of Electrical and Electronic Appliances and Similar Products of the State of São Paulo). He has hardly taken office when he sees the serious limitations that current legislation, created by Vargas, imposes on union activities, including being subject to intervention by the Ministry of Labor. With this strait jacket it would not be possible to give the electro electronics industry a voice, nor would it be possible to extend it to a national plane, as Sinaees must circumscribe its activities to the State of São Paulo. Conditions were ripe for the opening of a new business entity. On September 26th 1963 67 businessmen and executives solemnly meet at the Maua Palace, the headquarters of Fiesp (Federation of Industries of the State of São Paulo), located at that time at the Dona Paulina Viaduct near the Praça (Square) João Mendes in the center of São Paulo, and decided to create the Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (The Brazilian Association of the Electrical and Electronics Industry), Abinee, whose logo, which made it known to the public, was created by professionals connected to Arno. The objective was clear: “Defend the interests of the industry in general and the electro electronic sector specifically”. sete meses à frente da Presidência da República, renunciando ao cargo e deixando para seu vice, João Goulart, a responsabilidade de conduzir o País naquele momento de tormenta. As tensões são levadas ao limite, com radicalizações de vários grupos. Houve, por parte do governo e de organizações sindicais, a tentativa de abrir às camadas populares, de uma só vez, as portas de acesso aos frutos daquele ainda incipiente processo de crescimento, por meio de aumentos salariais insustentáveis do ponto de vista da realidade econômica. A sociedade brasileira se divide. Assustada com a força da pressão social, a classe média sai às ruas e protesta contra o governo, fornecendo com isso a base política para que os militares decidissem a crise à força, interrompendo por um golpe de estado o governo de Jango. Um novo capítulo se inicia. Líderes decidem criar a Abinee É neste contexto de crise, no olho do furacão político e econômico, que um grupo de empresários do setor eletroeletrônico, sob a liderança de Manoel da Costa Santos, decide criar uma nova associação que pudesse representar o setor, dando-lhe voz e vez, e fazendo jus à importância que já conquistara. Em 1962, Costa Santos é eleito presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado de São Paulo). Mal toma posse, percebe as graves limitações que a legislação vigente, criada por Vargas, impunha às atividades sindicais, sujeitas inclusive à intervenção por parte do Ministério do Trabalho. Com essa camisa de força, não seria possível dar voz à indústria eletroeletrônica, nem estendê-la para o plano nacional, uma vez que o Sinaees deveria, necessariamente, circunscrever suas atividades ao Estado de São Paulo. As condições estavam dadas para a abertura de uma nova entidade empresarial. No dia 26 de setembro de 1963, 67 empresários e executivos reuniram-se solenemente no Palácio Mauá, a sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) à época, localizado no Viaduto Dona Paulina, junto à Praça João Mendes, no centro de São Paulo, e decidiram criar a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), cuja logomarca, que a fez conhecida do público, foi criada por profissionais ligados à Arno. O objetivo era claro: “defender os interesses da indústria em geral e do setor eletroeletrônico em particular”. 22 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

Em 1894, o físico italiano Guglielmo Marconi tem acesso a um artigo científico sobre ondas eletromagnéticas, descobertas pelo alemão Heinrich Hertz. Baseado nessas descobertas, Marconi detecta as ondas de rádio e as converte em corrente elétrica. A recepção e a transmissão são aprimoradas e o inventor conclui que, erguendo um fio da terra, em forma de antena, é possível potencializar a emissão e a recepção de sinais. Em 1895, Marconi transmite sinais sem fio a uma distância de 2,5 km. É o inventor do primeiro sistema de telegrafia sem fio. Na Inglaterra, consegue a primeira patente mundial do sistema. Sua consagração veio, de fato, com o estabelecimento do primeiro serviço de radiotelefonia por microondas e com a demonstração prática dos princípios do radar. In 1894, the Italian physicist Guglielmo Marconi comes across a scientific article about electromagnetic waves, discovered by the German Heinrich Hertz. Based on these discoveries, Marconi detects radio waves and converts them into an electrical current. Reception and transmission are improved and the inventor concludes that, lifting up an earth wire in the form of an antenna, it is possible to make the emission and reception of signals more powerful. In 1895, Marconi transmits signals without a wire at a distance of 2.5 km. He is the inventor of the first wireless telegraph system. In England, he gets the first world patent for the system. His success came in fact with the establishment of the first radio telephone service by microwaves and by the practical demonstration of the principles of radar. 23 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

The sector leaders had the clear notion that public policy drawn up under the auspices of the Legislative and Executive Powers had profound consequences on industrial activity. They wanted, for this reason, to influence the decisions, to be heard regarding the sector’s claims and to directly participate in drawing up measures which could have repercussions in the economic domain. Up until 1963, the sector had no association which could both mobilize the industries and represent them concerning the public powers. Abinee came into existence to change this situation. The founders and 1st Board of Directors The founding of Abinee, on September 26th, reflects, right from the start, the profile of the associates which the entity would maintain over the next 45 years. Companies there are small and medium sized, set up with brazilian capital which today make up the majority of associates. Medium and large international companies also participate, distributed over several segments. In its inaugural year Abinee held the 1st Electro Electronic Trade Fair, running in parallel with the National Mechanical Trade Fair, in the Ibirapuera Pavilion, in São Paulo. The organization of fairs and congresses has been a constant concern at Abinee since then, holding successful events, such as the FIEE (International Trade Fair of the Electro Electronic Industry), which is now into its 24th run, congresses and Abinee Tec seminars. Os líderes do setor tinham a clara noção de que as políticas públicas elaboradas no âmbito do poderes Legislativo e Executivo tinham conseqüências profundas na atividade industrial. Eles queriam, por isso, influir nas decisões, levar a voz e as reivindicações do setor e participar direta ou indiretamente da elaboração de medidas que poderiam ter repercussões no domínio econômico. Até 1963, o setor não tinha uma associação que pudesse ao mesmo tempo mobilizar as indústrias e representá-las perante os poderes públicos. A Abinee surge para mudar essa situação. Fundadores e 1ª Diretoria A criação da Abinee, em 26 de setembro de 1963, reflete, desde o momento inicial, o perfil dos associados que a entidade viria a manter ao longo dos 45 anos seguintes. Estão lá empresas de pequeno e médio portes, de capital nacional, que constituem até hoje a maioria dos associados. Participam também médias e grandes companhias internacionais, distribuídas por vários segmentos. Já no ano de sua criação, a Abinee realiza a I Feira Eletroeletrônica, que se desenvolve em paralelo à Feira da Mecânica Nacional, no Pavilhão do Ibirapuera, em São Paulo. A organização de feiras e congressos manteve-se como uma constante na Abinee a partir de então, com a realização de eventos bem-sucedidos, como a FIEE (Feira Internacional da Indústria Elétrica e Eletrônica), que já conta com 24 edições, congressos e os seminários Abinee Tec. 24 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

As 67 empresas que participaram da reunião de fundação da Abinee foram: AEG Telefunken (Telefunken), A. J. Eletrônica, Alcace (H.K. Porter), A. M. Souza, Arbame, Arno, Asea, Bendix Home, Brasmotor (Multibrás), Brastemp, Brown Boveri, Campos Salles, Carmos, Codima, Coldex Frigor (Coldex), Componentes Mallory (Arbame Mallory), Consul, Control, Dedini (Dedini Capellari), Douglas Radioelétrica, Eletromar, Emmerson, Epel, Ericsson, Eriez, Fábrica Nacional de Artefatos de Metais, Ferrum, General Electric, GTE do Brasil (Sylvania), Ibrape (Constanta), Incatest, Indec, Inducon, Indústria Brasileira Eletrônica, Indianópolis, I.R.C., Itel, Lier, Mario Capitania, Microlite, Motores Búfalo, Nadir Figueiredo, Novolar, Philco, Philips, Refrigeração Paraná, Saturnia, Semp Toshiba (Semp), Sermar, Siemens, Sociedade Eletrônica Brasileira, Sociedade Paulista de Artefatos Metalúrgicos, Sprecher & Schuh, Springer Carrier (Springer), Standard Eletrônica (Standard Elétrica), Stevenson, STP, Teleart, Telem, Transformadores União (Transformadores AEG), Union Carbide (National Carbon), Uska, Valvotécnica, Walita, Westinghouse (Induselet) e White Martins. Na reunião, foi eleita a primeira diretoria, que ficou assim constituída: Manoel da Costa Santos, da Arno, presidente; 1º vice-presidente, Alcindo Alves Pinto Guedes, da Induco; 2º vice-presidente, Affonso Hennel, da Semp; 3º vice-presidente, Paulo D’Arrigo Vellinho, da Springer; 1º secretário, Domingos Martins Jr., da Philips; 3º secretário, José de Franco, da Nadir Figueiredo; 1º tesoureiro Mário de Thomaz, da Saturnia. The 67 companies that participated in the meeting of the founding of Abinee were: AEG Telefunken (Telefunken); A.J. Eletrônica; Alcace (H.K. Porter); A.M Souza; Arbame; Arno; Asea; Bendix Home; Brasmotor (Multibrás); Brastemp; Brown Boveri; Campos Salles; Carmos Codima ; Coldex Frigor (Coldex) ; Componentes Mallory; (Arbame Mallory); Cônsul; Control; Dedini (Dedine Capellari); Douglas Radioelétrica; Eletromar; Emmerson; Epel; Ericsson; Eriez; Fábrica Nacional de Artefatos de Metais; Ferum; General Electric; GTE do Brasil; (Sylvania); Ibrape (Constanta); Incatest; Indec; Iducon; Indústria Brasileira Eletrônica; Indianópolis; I.R.C; Itel; Lier; Mario Capitania; Microlite; Motores Búfalo; Nadir Figueiredo; Novolar; Philco; Philips; Refrigeração Paraná; Saturnia; Semp Toshiba (Semp); Sermar; Siemens; Sociedade Eletrônica Brasileira; Sociedade Paulista de Artefatos Metalúrgicos; Sprecher & Schuh; Springer Carrier (Springer); Standard Eletrônica (Standard Elétrica); Stevenson; STP; Teleart; Telem; Transformadores União (Transfomadores AEG); Union Carbide (National Carbon); Uska; Valvotécnica; Walita; Westinghouse (Induselet) and White Martins. During the meeting the first board of directors was elected, and was made up of the following: Manoel da Costa Santos, from Arno, president; 1st vice-president, Alcindo Alves Pinto Guedes, from Induco; 2nd vice-president, Affonso Hennel, from Semp; 3rd vice-president, Paulo D´Arrigo Vellinho, from Springer; 1st secretary, Domingos Martins Jr., from Phillips; 3rd secretary, José de Franco, from Nadir Figueiredo; 1st treasurer, Mario de Thomaz, from Saturnia. 25 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

O uso comercial da eletricidade nos países europeus expandiu-se na década de 1890, ainda que a primeira central elétrica européia tenha sido instalada já em 1881. Além da iluminação, a energia era aplicada no transporte urbano, como fonte de tração para veículos, e na atividade industrial, como força motriz de motores fixos. Em 1879, a Siemens desenvolve a primeira ferrovia eletrificada. O projeto foi apresentado na Exposição Industrial de Berlim. Ao lado, Primeira torre da estação central de telefonia com entrada de fios aéreos na cidade de São Paulo, 1916. The commercial use of electricity in European countries expanded in the decade of the 1890s, even though the first European power station was installed in 1881. Apart from illumination, the energy was applied to urban transport, as a source of traction for vehicles, and in industrial activities, as a driving power for fixed motors. In 1879, Siemens develops the first electrified railway. The project was presented at the Industrial Exhibition of Berlin. Right, First central telephone exchange tower with overhead wires in the city of São Paulo, 1916. 26 A b i n e e 45 a n o s - A Vo z d a I n d ú s t r i a E l é t r i c a e E l e t r ô n i c a d o B r a s i l

1964-1967 Adjustments and structural reforms The early years of the Castelo Branco government, which ushered in a long cycle of military governments, are dedicated to combating inflation and the implementation of a series of structural reforms. The command of the economy is shared between Roberto Campos, of Planning, and Octavio Bulhões, of Finance, both having an inclination for orthodox policies. The combat against inflation from 1964 to 1966 follows the classic recipe: fiscal control, cuts in government spending, strict monetary control and high interest rates. All this combined with contention of salaries, both in the private as well as the public sectors. Used to vigorous growth indexes, industry feels the brakes applied to the economy, especially in 1964 and 1965. There are not a few companies, from all segments, which present difficulties in adapting to the imposed restrictions. There were two years of companies going “bust” as the informal expression went at that time. The program of growth would only be back in 1967. To move on with its program of reforms, in 1964 the Executive draws up The Government’s Plan of Economic Action (Paeg), which foresees reforms in the financial system, in the tax structure and the labor market. In the financial field the alterations implemented on the occasion are maintained, with some alterations, until today. Campos and Bulhões created the Conselho Monetário Nacional (CMN) (National Monetary Board), having a normative and regulatory function of the financial system, and the Central Bank (Bacen), in charge of executing the government’s monetary and financial policies. Another creation which lasted up to the Real Plan was monetary correction, by means of the ORTN Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (Readjustable Obligations of the National Treasury), which instituted correction for public bonds based on inflation. This mechanism, judged effective at the time to sterilize the negative effects of inflation, starts to become the part feeding the very problem it intended to combat. Sensitive changes are also introduced in the field of taxation. Two new taxes are created: ISS (Services Tax), of a municipal nature, and the ICM - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (Tax on the Circulation of Goods), applicable only on the aggregate value, which substitutes the state tax on sales, which was applicable over company sales. The Municipal Participation Fund was also implemented, with the finality of redistributing with the municipalities the income of the 1964-1967 Ajustes e reformas estruturais Os primeiros anos do governo Castelo Branco, que inaugura um longo ciclo de governos militares, são dedicados ao combate à inflação e à implantação de uma série de reformas estruturais. O comando da economia é compartilhado por dois ministros – Roberto Campos, do Planejamento, e Octávio Bulhões, da Fazenda, que tinham clara inclinação por políticas ortodoxas. O combate à inflação entre os anos de 1964 a 1966 segue o receituário clássico: controle fiscal, cortes de gastos públicos, rigor monetário e juros altos. Tudo isso combinado à contenção dos salários tanto do setor público quanto do setor privado. Habituada a índices de crescimento vigorosos, a indústria sente o freio aplicado à economia, especialmente em 1964 e 1965. Não são poucas as empresas, de todos os segmentos, que apresentam dificuldades de adaptação às restrições impostas. Foram dois anos de “quebradeiras”, como se dizia informalmente à época. A agenda do crescimento só voltaria à cena a partir de 1967. Para levar adiante o seu programa de reformas, o Executivo elabora em 1964 o Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg), que prevê reformas no sistema financeiro, na estrutura tributária e no mercado de trabalho. No campo financeiro, as alterações implementadas na ocasião são mantidas, com algumas alterações, até os dias de hoje. Campos e Bulhões criam o Conselho Monetário Nacional (CMN), com função normativa e reguladora do sistema financeiro, e o Banco Central (Bacen), encarregado da execução das políticas monetária e financeira do governo. Outra criação que perdurou até o Plano Real foi a correção monetária, por meio da ORTN (Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional), que instituiu a correção dos títulos públicos com base na inflação. Esse mecanismo, julgado à época eficaz para esterilizar os efeitos negativos da inflação, torna-se peça realimentadora do mal que pretendia combater. Mudanças sensíveis são também introduzidas na área tributária. Surgem dois novos impostos: o ISS (Imposto sobre Serviços), de âmbito municipal, e o ICM (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias), incidente apenas sobre o valor agregado, que substitui o imposto estadual sobre vendas, que incidia sobre o faturamento das empresas. Implanta-se também o Fundo de Participação dos Municípios, cuja finalidade é redistribuir com os municípios as receitas da União, a critério desta última. O sentido geral da reforma tributária é claro: ampliar a arrecadação e concentrá-la na União. 27 Ab i n e e 45 ye a r s - Th e Vo i ce o f t h e E l e t r i ca l a n d E l e t r o n i c s I n d u s t r y o f B ra z i l

RkJQdWJsaXNoZXIy NTY5NTk=