Faturamento cresce em 2013, mas importações continuam preocupando
06/12/2013
Em coletiva de imprensa, realizada nesta quinta-feira (5), o presidente da Abinee, Humberto Barbato, ao lado de diretores da entidade, apresentou os dados da indústria elétrica e eletrônica em 2013 e as perspectivas para 2014. Neste ano, a previsão é de que o faturamento do setor atinja R$ 156,6 bilhões, com crescimento nominal de 8% e real de 5% na comparação com 2012 (descontada a inflação).
No entanto, a produção física do setor – de acordo com dados do IBGE - apresentou baixo desempenho, variação de 2% em relação ao ano de 2012 e queda de 7% sobre 2011. Com isso, as importações continuaram ocupando espaço do mercado brasileiro, atingindo, no caso dos bens finais, a participação de 22,9% no consumo interno. “Este é um número bastante considerável e mostra como estamos mal”, disse Barbato.
Ele salientou a participação das importações em segmentos como Equipamentos Industriais (29,3%), Material Elétrico de Instalação (19,2%) e Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (22,1%). De acordo com os dados da Abinee, o resultado da balança comercial do setor eletroeletrônico deverá atingir déficit de US$ 36 bilhões, 11% superior ao registrado em 2012 (US$ 32,5 bilhões). O resultado é fruto de exportações de US$ 7,3 bilhões e importações de US$ 43,4 bilhões.
O presidente da Abinee disse reconhecer algumas medidas do governo, mas pontos como câmbio, infraestrutura precária e custo de mão de obra continuam contribuindo para a falta de competitividade do setor. Para 2014, Barbato afirmou que, dificilmente, algo mudará, por se tratar de um ano de eleições, fato que, historicamente, gera paralisia no país. “Tudo é determinado pelo calendário eleitoral. Se não rompermos esta equação, permaneceremos prejudicando a indústria, devido a descontinuidade de políticas, que geram insegurança jurídica e falta de previsibilidade”, destacou.
Acesse os dados apresentados na coletiva de imprensa da Abinee em Desempenho Setorial.
Desempenho da área de GTD fica abaixo das expectativas
O setor de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica cresceu 5% em 2013, atingindo um faturamento de R$ 16 bilhões, abaixo dos 10% previstos no início do ano. "Está muito caro produzir no Brasil", afirmou o diretor de GTD da Abinee, Newton Duarte. Como exemplo, ele citou que o custo de mão de obra no país, por hora trabalhada, é maior do que no Canadá. Ele acrescentou que os custos logísticos representam 10% de um produto para levá-lo a um porto e mais 1,5% para enviá-lo para qualquer parte do mundo. "Temos um quadro sério de custos que pesam sobre a indústria", disse. Especificamente sobre o segmento de GTD, ele afirmou que as mudanças promovidas pela Medida Provisória 579 provocaram um cataclisma no setor elétrico. "Esta medida provocou a redução dos investimentos das concessionárias. Empresas que davam lucro agora dão prejuízo". Duarte afirmou, ainda, que falta previsibilidade para as indústrias. "Não há uma visão de longo prazo", concluiu.
Tablets contribuem para crescimento da área de informática
Os tablets, que apresentaram crescimento de 148% em 2013, atingindo 7,9 milhões de unidades comercializadas, foram os principais responsáveis pelo crescimento de 8% da área de informática. Estes bens ocupam cada vez mais este mercado em detrimento dos notebooks e de desktops. Segundo o diretor da área de informática, Hugo Valério, houve uma mudança de panorama no segmento em 2013, além da influência do câmbio no faturamento. Para 2014, mesmo com o crescimento das vendas de tablets previsto, a área de Informática deverá faturar menos do que 2013 (-1%). Ele explicou que a maior parte dos tablets que deverão ser comercializados são os considerados low ends, de menor custo, o que impacta no faturamento. Valério destacou que o desempenho da área de informática permanece afetado pela mão obra cara, altos encargos, pesada carga tributária e baixa qualidade de serviços.
Smartphones puxam desempenho do segmento de Telecomunicações
Os smartphones ocuparam significativamente o mercado de telefones celulares com crescimento de 100% em 2013, que ultrapassaram, desde maio deste ano, os aparelhos tradicionais, cujas vendas fecharam o ano com queda de 33%. O mercado de celulares como um todo ficou praticamente estável na comparação a 2012. Neste ano, foram vendidos 29 milhões de celulares tradicionais e 31 milhões de smartphones, totalizando 61 milhões de celulares. Puxado pelas vendas dos smartphones, o faturamento do setor de Telecomunicações foi de R$ 26,6 bilhões, 17% acima do ano passado. Nos anos anteriores, 2011 e 2012, respectivamente, os valores foram de R$ 19,9 bilhões e 22,8 bilhões. As exportações apresentaram queda de 20%, atingindo US$ 457 milhões, contra US$ 569 milhões, em 2012. As importações da área de telecomunicações fecharam em US$ 2,7 bilhões, com crescimento de 3% em relação a 2012. Segundo Paulo Castelo Branco, diretor da área de Telecom na Abinee, o aumento de vendas destes dispositivos deverão gerar mais dados e pressionar as operadoras a investir mais na ampliação das redes de banda larga. Segundo Aluizio Byrro, também diretor da área de Telecomunicações da Abinee, a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, não trará muitos ganhos para o segmento. "O investimento será muito pouco se comparado com os investimentos das operadoras, representando algo em torno de 5% do Capex destas empresas", falou. Para o ano que vem, há expectativa de crescimento de 18% no faturamento da área totalizando R$ 31,3 bilhões.
Acordos coletivos em 2013
Segundo Dorival Biasia, vice-presidente do SINAESS, os acordos coletivos em 2013 foram mais calmos em comparação aos anos anteriores. "Como existe uma crise, de fato, conseguimos demonstrar as centrais sindicais que a indústria está parada ou em retrocesso e há anos não temos aumento de produtividade", disse. Biasia reforçou que o emprego no setor eletroeletrônico está estável e as centrais sindicais têm tido dificuldades para mobilizar as categorias. Ele acrescentou que a falta de mão de obra qualificada esteve na pauta das discussões durante todo o ano.