Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico - Janeiro/2023
Principais indicadores do setor eletroeletrônico iniciam o ano com poucas alterações em relação aos apontados no final do ano passado
A sondagem de conjuntura, referente ao mês de janeiro de 2023, não mostrou alterações significativas nos principais indicadores da indústria elétrica e eletrônica ao comparar com os resultados verificados na pesquisa anterior.
Vale destacar que esse esfriamento da atividade, principalmente no que se refere ao comportamento das vendas/encomendas, já vem sendo observado desde o levantamento de outubro do ano passado.
Nesta última pesquisa, 40% das empresas entrevistadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a igual período do ano passado. Este resultado ficou igual ao observado na sondagem de dezembro de 2022 (40%). Nota-se que esta estabililade ocorreu após três quedas consecutivas.
Ao comparar com o mês imediatamente anterior, o número de empresas que informaram elevação das vendas/encomendas aumentou de 24% na sondagem de dezembro para 40% nesta última pesquisa.
Foi favorável a redução de 44% para 38% no número de empresas que apontaram negócios abaixo das expectativas. Vale destacar que esta foi a segunda queda consecutiva.
Notou-se também o aumento de 75% para 76% na utilização da capacidade instalada. Essa ligeira melhora ocorreu após três quedas seguidas, lembrando que, em setembro do ano passado, esse indicador estava em 80%.
O nível de emprego permaneceu praticamente estável, com 16% das entrevistadas apontando elevação no quadro de funcionários e 9% indicando redução. Destaca-se que a maior parte das empresas, ou seja, 75% das pesquisadas citaram estabilidade no nível de emprego.
Conforme dados do Novo Caged, no mês de dezembro de 2022, o número de empregados da indústria elétrica e eletrônica diminuiu em 4.343 postos de trabalho, encerrando o ano de 2022 com 267,7 mil funcionários. Esta redução representa o saldo, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos.
Essa foi a segunda queda consecutiva, porém é importante ressaltar que essas reduções já eram esperadas, visto que normalmente o número de empregados do setor costuma recuar nos meses de novembro e dezembro. Vale lembrar que, neste período, a indústria já realizou a maior parte da produção para o final de ano, e, portanto, tem menos necessidade de novas contratações.
Mesmo assim, o total de funcionários da indústria eletroeletrônica encerrou o ano de 2022 com 4 mil postos de trabalho acima do registrado no final de 2021 (263,7 mil trabalhadores).
No comércio internacional, aumentou de 27% para 33% o número de empresas que relataram crescimento nas exportações comparadas com igual período de 2022.
Segundo os dados da Secex/ME agregados pela Abinee, no mês de janeiro de 2023, as exportações de produtos elétricos e eletrônicos cresceram 19% ao comparar com as vendas externas registradas no mesmo mês do ano passado.
Ainda no que se refere à sondagem realizada pela Abinee, verificou-se aumento no número de empresas com estoques de componentes e matérias-primas acima do normal, passando de 20% em dezembro de 2022 para 25% em janeiro de 2023.
No caso de produtos acabados, permaneceu em 26% o total de entrevistadas que deram essa indicação.
Observa-se que, em ambos os casos, a maior parte das entrevistadas relataram normalidade nos níveis de estoques, com 67% das indicações quando se referem a componentes e matérias-primas e com 64% nos produtos acabados.
Esta pesquisa também mostrou que 28% das entrevistadas citaram dificuldades na obtenção de financiamentos para capital de giro. Vale ressaltar que 68% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.
Neste último levantamento, 33% das pesquisadas relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros. Este resultado foi 6 pontos percentuais acima do verificado na pesquisa anterior (27%) e foi o maior desde julho de 2022 (36%). Mas mesmo assim permaneceu bem abaixo dos 52% apontados no 1º semestre de 2022 (média).
Nota-se que a inflação recuou nos últimos meses do ano passado, pressionando menos no 2º semestre. No acumulado de 2022, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) da indústria elétrica e eletrônica do IBGE agregado pela Abinee fechou em 6,1% ao ano, patamar inferior aos 8,6% observados no acumulado do 1º semestre de 2022.
Componentes e matérias-primas
Nesta última pesquisa, 44% das empresas relataram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado. Este resultado foi 4 pontos percentuais acima do apontado na pesquisa anterior (40%), porém permanece inferior aos patamares registrados entre março e maio de 2022, que estavam por volta de 60%.
É importante lembrar que esse resultado refere-se aos entraves decorrentes da falta de componentes eletrônicos e também de matérias-primas no mercado.
Especificamente no caso de matérias-primas, tais como papelão, materiais plásticos, borracha, aço, cobre, entre outras, a redução no número de empresas com dificuldades na aquisição destes itens já vem sendo observada desde o início de 2022, atingindo apenas 3% das entrevistadas neste último levantamento.
Vale destacar que este percentual permanece muito distante dos mais de 50% verificados no início de 2021.
Observou-se, nessa última sondagem, a elevação de 40% para 47% no número de informantes que continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas. Apesar deste aumento, com exceção do mês de dezembro de 2022, este foi o menor percentual desde o início da pandemia, em março de 2020 (43%).
Vale lembrar que este percentual chegou a superar 90% das indicações em meados de 2021.
Mesmo com a melhora da situação observada nos últimos meses, a falta de componentes eletrônicos no mercado continua trazendo algumas dificuldades para as empresas do setor, principalmente gerando atraso na produção e na entrega, citado por 33% das entrevistadas.
Destaca-se que as indicações de paralisação parcial da produção vêm caindo desde o início de 2022 e foram relatadas por apenas 4% das pesquisadas neste último levantamento.
É importante ressaltar que nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos desde o início desta questão na sondagem, em fevereiro de 2021.
Semicondutores
Especificamente no caso de semicondutores, 61% das entrevistadas que utilizam esses componentes na sua produção relataram dificuldades na aquisição destes itens no mercado. Este percentual manteve-se praticamente estável desde setembro do ano passado.
Nota-se que a média dessas indicações verificada no 2º semestre de 2022 (62%) foi 9 pontos percentuais abaixo da média observada no 1º semestre de 2022 (71%), que chegou a atingir 78% em abril.
Apesar da melhora, essa situação ainda não voltou à normalidade e continua afetando a produção da indústria elétrica e eletrônica.
Neste último levantamento, a maior parte das entrevistadas (67%) projetam normalidade no abastecimento de componentes semicondutores para 2023. Este resultado foi 8 pontos percentuais acima do verificado na pesquisa anterior, quando 59% das entrevistadas haviam dado essa indicação.
Ressalta-se que 26% acreditam na normalidade dessa situação ainda no 1º semestre e 41%, no 2º semestre de 2023.
Ainda referente a essa questão, para 21% das pesquisadas a regularidade no abastecimento de semicondutores deverá ocorrer a partir de 2024.
Vale destacar, neste levantamento, a redução de 20% para 12% no número de entrevistadas que estavam sem previsão para a normalidade dessa situação.
Gargalos logísticos
Nos últimos meses vem sendo observada redução nas dificuldades das empresas do setor em relação a gargalos logísticos.
Nas importações, considerando todos os modais de transporte, 36% das empresas indicaram atrasos no recebimento de cargas. Este percentual ficou próximo ao apontado na sondagem anterior (35%), permanecendo entre os menores percentuais desde o início dessa pergunta na sondagem, em abril de 2021.
No caso das exportações, aumentou de 28% para 37% o percentual de pesquisadas que relataram problemas no envio de cargas nas exportações marítimas. Apesar da elevação de 9 pontos percentuais, este resultado, com exceção de dezembro do ano passado, continuou sendo o menor desde abril de 2021 (26%).
Expectativas
Os empresários do setor permanecem muito cautelosos neste início de ano.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do Setor Eletroeletrônico, conforme dados da CNI agregados pela Abinee, apontou forte queda de 5,4 pontos no mês de janeiro de 2023 em relação ao mês imediatamente anterior, atingindo 45,8 pontos.
Essa foi a quarta queda consecutiva. Com isso, o ICEI rompeu a linha divisória dos 50 pontos, mostrando falta de confiança do empresário do setor.
Lembrando que o ICEI varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 pontos mostram confiança do empresário industrial e abaixo de 50 pontos apontam falta de confiança.
Nota-se que o ICEI do setor registrou o menor patamar desde junho de 2020 (40,3 pontos), período afetado pelas medidas restritivas decorrentes da pandemia de Covid-19.
Retomando a avaliação dos dados verificados na última sondagem da Abinee, mesmo com muita prudência, 69% das entrevistadas projetam crescimento para o ano de 2023 em relação a 2022, 18% esperam estabilidade e 13% estão prevendo queda.
Anexos
Os resultados detalhados desta sondagem e a série histórica do levantamento estão disponíveis no site da Abinee em Economia e Estatísticas - Base de Dados Econômicos.