Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico - Set/2023
Sondagem referente ao mês de setembro mostra que os principais indicadores da indústria eletroeletrônica permanecem desfavoráveis, mas mesmo assim as expectativas são de melhora para os próximos meses
A sondagem de conjuntura da indústria elétrica e eletrônica referente ao mês de setembro de 2023 mostrou que os principais indicadores do setor permanecem desfavoráveis.
Destaca-se que na sondagem anterior, foi observada leve melhora em alguns indicadores, que voltaram a piorar neste último levantamento.
Na pesquisa de setembro de 2023, 29% das entrevistadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a igual período do ano anterior. Este resultado foi 7 pontos percentuais abaixo do apontado no levantamento anterior (36%).
Enquanto que as indicações de queda nas vendas/encomendas aumentaram de 41% na pesquisa de agosto para 50% na última sondagem.
É importante destacar que este foi o sétimo mês seguido em que as indicações de crescimento foram inferiores aos relatos de retração, sempre comparados com iguais períodos do ano anterior. Vale lembrar que este comportamento havia acontecido pela última vez em maio de 2020.
Ao comparar com agosto de 2023, 32% das entrevistadas relataram crescimento nas vendas/encomendas, resultado 20 pontos percentuais abaixo dos 52% indicados na sondagem anterior.
Também foi desfavorável a elevação significativa de 17 pontos percentuais no número de empresas que apontaram negócios abaixo das expectativas, que aumentaram de 43% em agosto para 60% em setembro de 2023.
Nota-se também que apenas 5% das pesquisadas relataram negócios acima do esperado.
No mês de setembro de 2023, a utilização da capacidade instalada recuou de 75% para 73%, voltando aos patamares registados desde abril deste ano.
Esta sondagem mostrou que 12% das entrevistadas relataram elevação no número de empregados, resultado praticamente estável em relação ao último levantamento, quando 13% haviam dado essa indicação.
Nota-se que a maior parte das entrevistadas (77%) citou estabilidade no nível de emprego.
Conforme dados do Novo Caged agregados pela Abinee, o número de empregados da indústria elétrica e eletrônica diminuiu 305 postos de trabalho no mês de agosto de 2023, totalizando 267,2 mil funcionários diretos. Esta redução representa o saldo, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos.
Com este resultado, o número de funcionários da indústria eletroeletrônica (267,2 mil) ficou praticamente estável no acumulado deste ano, com 57 postos de trabalho a menos do que o registrado em dezembro de 2022 (267,3 mil trabalhadores). Apesar desta diferença ser modesta, essa foi a primeira vez neste ano, que o número de empregados do setor ficou abaixo do apontado em dezembro do ano passado.
Destaca-se que as empresas permanecem com estoques elevados. No caso de componentes e matérias-primas, 29% das entrevistadas relataram estoques acima do normal, enquanto que nos produtos acabados, este percentual atinge 35% das pesquisadas.
No comércio internacional, 28% das empresas que exportam citaram crescimento nas vendas externas, percentual próximo ao registrado na pesquisa anterior (29%). Porém destacou-se o aumento de 37% para 45% nas indicações de queda nas exportações.
Já os dados da Secex/MDIC agregados pela Abinee mostraram aumento de 14% nas exportações de produtos elétricos e eletrônicos no mês de setembro de 2023 em relação a setembro do ano passado, registrando acréscimo de 8% no acumulado dos primeiros nove meses deste ano em relação ao igual período de 2022, contribuindo, desta forma, com o desempenho do setor.
No caso das importações, ainda conforme dados da Secex/MDIC, verificou-se queda de 12% no mês de setembro em relação a setembro de 2022 e recuo de 4% no acumulado de janeiro a setembro deste ano ao comparar com o mesmo período do ano anterior, refletindo a queda da atividade do setor.
Retomando a avaliação dos resultados apontados nesta última sondagem, observou-se que 38% das entrevistadas citaram dificuldades na obtenção de financiamentos para capital de giro. Ressalta-se também que 62% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.
Neste levantamento recuou de 25% para 18% o percentual de entrevistadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros. Este foi o menor percentual observado desde julho de 2020, que estava em 16%.
Componentes e matérias-primas
As últimas sondagens também vêm identificando redução nas dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado, que, neste último levantamento, atingiu 24% das entrevistadas. Vale lembrar que este percentual estava por volta de 60% entre março e maio de 2022.
Destaca-se que, neste levantamento, nenhuma entrevistada citou dificuldades na aquisição especificamente de matérias-primas, tais como papelão, materiais plásticos, borracha, aço, cobre, entre outras. Essa foi a terceira sondagem seguida que nenhuma empresa relata estes entraves.
Dessa forma, observa-se que o abastecimento de matérias-primas não está sendo mais um problema para a atividade do setor, como ocorreu em 2021. Vale lembrar ainda que no ano 2021, 68% das entrevistadas relataram dificuldades na aquisição destes itens; este percentual recuou para 10% em 2022 e caiu para 3% no acumulado de janeiro a setembro de 2023, sempre considerando a média das empresas pesquisadas em cada período.
Observou-se também redução de 33% em agosto para 29% em setembro no número de informantes que continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas. Neste caso, este percentual chegou a superar 90% das indicações em meados de 2021.
Com tudo isso, nota-se redução nos relatos de atraso na produção e na entrega devido à falta de componentes eletrônicos no mercado. Neste último levantamento, 16% das entrevistadas deram essa indicação. Este foi o menor percentual observado desde o início desta questão na sondagem, em fevereiro de 2021.
Destaca-se que as indicações de paralisação parcial da produção também vêm caindo desde o início de 2022 e foram relatadas por apenas 1% das pesquisadas neste último levantamento. Neste caso, desde o final do ano passado, este percentual não ultrapassou 4%.
É importante ressaltar que nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos desde a inclusão desta questão na sondagem, em fevereiro de 2021.
Semicondutores
Os últimos levantamentos também vêm mostrando melhora no abastecimento de semicondutores.
Nesta última sondagem, 35% das entrevistadas, que utilizam semicondutores na sua produção, relataram que permanecem com dificuldades na aquisição destes componentes.
Vale lembrar que este percentual estava em 71% no 1º semestre de 2022, caiu para 62% no 2º semestre do ano passado e recuou para 46% no acumulado de janeiro a setembro deste ano, também considerando a média das empresas pesquisadas em cada período.
Esta última pesquisa identificou que 26% das entrevistadas projetam normalidade no abastecimento de componentes semicondutores ainda neste ano e 52% das empresas acreditam que a normalidade dessa situação ocorrerá em 2024.
Por sua vez, nenhuma das pesquisadas esperam regularidade no abastecimento de semicondutores somente em 2025 e 22% estão sem previsão para a normalidade dessa situação.
Gargalos logísticos
A sondagem também vem mostrando redução nas dificuldades das empresas do setor decorrentes de gargalos logísticos.
No caso das exportações, 24% das pesquisadas relataram problemas no envio de cargas nas exportações marítimas. Desde o início deste ano este percentual está por volta de 25% (média do período), resultado bem inferior ao registrado na média do ano passado (56%).
Nas importações, 22% das pesquisadas indicaram atrasos no recebimento de cargas, considerando todos os modais de transporte. Este resultado permanece muito inferior ao registrado na média do ano passado (60%).
Expectativas
Mesmo com muitas incertezas em relação ao cenário atual e com os resultados desfavoráveis apontados nas últimas sondagens, as expectativas são de melhora no desempenho da indústria eletroeletrônica para os próximos meses.
Ainda no 2º semestre do ano, concentram-se algumas datas que estimulam o consumo, como Black Friday e Natal.
Entre as empresas, principalmente as fabricantes de bens de consumo, cujos negócios são influenciados por estas datas, 32% projetam crescimento nas vendas na Black Friday deste ano em comparação ao mesmo evento ocorrido no ano passado, 45% esperam estabilidade, e 23% estão prevendo queda.
Vale ressaltar que a maior parte das empresas, ou seja, 66% das pesquisadas informaram que este evento não influencia os seus negócios.
Outro indicador positivo foi o quarto crescimento consecutivo registrado no Índice de Confiança do Empresário Industrial do setor eletroeletrônico no mês de setembro.
Porém, é importante destacar que este avanço está sendo influenciado pelas expectativas para os próximos meses, visto que as condições atuais da economia ainda permanecem desfavoráveis.
Na última sondagem realizada pela Abinee, 44% das empresas pesquisadas esperam crescimento para o 2º semestre de 2023 em comparação igual período do ano passado, percentual superior aos 33% de entrevistadas que estão projetando queda.
Ainda neste último levantamento, 45% das entrevistadas projetam crescimento para 2023 em relação ao ano passado, 24% esperam estabilidade e 31% estão prevendo queda.
Para 2024, 59% das empresas estão projetando crescimento, este resultado foi 2 pontos percentuais abaixo dos 61% indicados na sondagem anterior.
Ainda para 2024, 33% esperam estabilidade e 8% preveem queda nas vendas.
Anexos
Os resultados detalhados desta sondagem e a série histórica do levantamento estão disponíveis no site da Abinee em Economia e Estatísticas - Base de Dados Econômicos.