Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico - Out/2023
Sondagem de conjuntura da indústria eletroeletrônica referente ao mês de outubro permanece desfavorável, porém as expectativas são de melhora para 2024
A sondagem de conjuntura da indústria elétrica e eletrônica referente ao mês de outubro de 2023 permanece desfavorável, porém as expectativas são de melhora para 2024.
Na pesquisa de outubro, 36% das entrevistadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a igual período do ano anterior. Este resultado foi 7 pontos percentuais acima do apontado no levantamento anterior (29%). Porém, apesar desse aumento, a maior parte das empresas (48%) informaram diminuição nas vendas.
É importante destacar que este foi o oitavo mês seguido em que as indicações de crescimento foram inferiores aos relatos de retração, sempre comparados com iguais períodos do ano anterior. Vale lembrar que este comportamento havia acontecido pela última vez em maio de 2020.
Por outro lado, ao comparar com setembro de 2023, 43% das entrevistadas relataram crescimento nas vendas/encomendas, resultado 11 pontos percentuais acima dos 32% indicados na sondagem anterior. Ao mesmo tempo em que as indicações de queda recuaram de 44% para 33%.
Quanto aos negócios, observou-se queda de 60% para 53% nas indicações de negócios abaixo do esperado. Apesar da redução, esse percentual permanece bastante elevado.
A utilização da capacidade instalada permaneceu em 73% na passagem de setembro a outubro de 2023.
Nesta sondagem aumentou de 12% para 15% o percentual de entrevistadas que relataram elevação no número de empregados. Nota-se que a maior parte das entrevistadas (75%) citou estabilidade no nível de emprego.
Conforme dados do Novo Caged agregados pela Abinee, o número de empregados da indústria elétrica e eletrônica aumentou 321 postos de trabalho no mês de setembro de 2023, totalizando 267,5 mil funcionários diretos. Esta elevação representa o saldo, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos.
Nota-se que esse crescimento compensou a queda de 302 postos de trabalho registrada em agosto. Com isso, o total de empregados da indústria eletroeletrônica voltou a ficar acima do apontando em dezembro do ano passado (267,3 mil).
Observou-se nesta sondagem um ajuste de estoque de produtos acabados, com redução de 35% para 22% nas indicações de estoques acima do normal. No caso de matérias primas e componentes, este percentual diminuiu de 29% para 27%
No comércio internacional, 33% das empresas que exportam citaram crescimento nas vendas externas, resultado 5 pontos percentuais acima registrado na pesquisa anterior (28%). Destacou-se também a redução de 45% para 35% nas indicações de queda nas exportações.
Os dados da Secex/MDIC agregados pela Abinee mostraram aumento de 10% nas exportações de produtos elétricos e eletrônicos no mês de outubro de 2023 em relação a outubro do ano passado, registrando acréscimo de 8% no acumulado dos primeiros dez meses deste ano em relação ao igual período de 2022, contribuindo, desta forma, com o desempenho do setor.
No caso das importações, ainda conforme dados da Secex/MDIC, verificou-se queda de 17% no mês de outubro em relação a outubro de 2022 e recuo de 5% no acumulado de janeiro a outubro deste ano ao comparar com o mesmo período do ano anterior, refletindo a queda da atividade do setor.
Retomando a avaliação dos resultados apontados nesta última sondagem, observou-se que 26% das entrevistadas citaram dificuldades na obtenção de financiamentos para capital de giro. Ressalta-se também que 65% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.
Neste levantamento aumentou de 18% para 24% o percentual de entrevistadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros.
Componentes e matérias-primas
As últimas sondagens também vêm identificando redução nas dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado, que, neste último levantamento, atingiu 13% das entrevistadas. Vale lembrar que este percentual estava por volta de 60% entre março e maio de 2022.
Observou-se também redução de 29% em setembro para 27% em outubro no número de informantes que continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas. Neste caso, este percentual chegou a superar 90% das indicações em meados de 2021.
Com tudo isso, nota-se redução nos relatos de atraso na produção e na entrega devido à falta de componentes eletrônicos no mercado. Neste último levantamento, 16% das entrevistadas deram essa indicação. Ressalta-se que em março deste ano o percentual estava em 45%.
Destaca-se que as indicações de paralisação parcial da produção também vêm caindo desde o início de 2022 e foram relatadas por apenas 3% das pesquisadas neste último levantamento.
É importante ressaltar que nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos desde a inclusão desta questão na sondagem, em fevereiro de 2021.
Semicondutores
Os últimos levantamentos também vêm mostrando melhora no abastecimento de semicondutores.
Nesta última sondagem, 19% das entrevistadas, que utilizam semicondutores na sua produção, relataram que permanecem com dificuldades na aquisição destes componentes.
Vale lembrar que este percentual estava em 71% no 1º semestre de 2022, caiu para 62% no 2º semestre do ano passado e recuou para 44% no acumulado de janeiro a outubro deste ano, também considerando a média das empresas pesquisadas em cada período.
Esta última pesquisa identificou que 33% das entrevistadas projetam normalidade no abastecimento de componentes semicondutores ainda neste ano e 43% das empresas acreditam que a normalidade dessa situação ocorrerá em 2024.
Por sua vez, nenhuma das pesquisadas esperam regularidade no abastecimento de semicondutores somente em 2025 e 24% estão sem previsão para a normalidade dessa situação.
Gargalos logísticos
A sondagem também vem mostrando redução nas dificuldades das empresas do setor decorrentes de gargalos logísticos.
No caso das exportações, diminuiu de 24% para 22% o total de empresas que relataram problemas no envio de cargas nas exportações marítimas. Ressalta-se que a média do ano passado foi de 56%.
Nas importações, apesar do aumento de 22% para 27% no total das pesquisadas que indicaram atrasos no recebimento de cargas, considerando todos os modais de transporte, este resultado permaneceu muito inferior ao registrado na média do ano passado (60%).
Expectativas
Para os proximos meses de 2023, as expectativas de crescimento são maiores do que as previsões de queda, visto que neste período, concentram-se algumas datas que podem estimular o consumo, como Black Friday e Natal.
Porém, permanecem as incertezas tanto no cenário interno quanto no cenário internacional. Essa cautela vem paralisando os investimentos no decorrer deste ano.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial do setor eletroeletrônico recuou 3,2 pontos em relação ao mês imediatamente anterior, passando de 51,8 para 48,6 pontos, indicando falta de confiança do empresário do setor.
Neste último levantamento, 39% das entrevistadas projetam crescimento para 2023 em relação ao ano passado, 25% esperam estabilidade e 36% estão prevendo queda.
Para 2024, as expectativas são de melhora no desempenho da indústria eletroeletrônica, com 64% das empresas projetando crescimento. Este resultado foi 5 pontos percentuais acima dos 59% indicados na sondagem anterior.
Ainda para 2024, 33% esperam estabilidade e 3% prevêem queda nas vendas.
Esta sondagem apurou ainda que 78% das entrevistadas pretendem ampliar os investimentos em 2024. Dessas empresas, 45% têm a intenção de começar esses novos investimentos no 1º trimestre do ano que vem, outras 40% pretendem começar a partir do 2º trimestre e 15% a partir do 2º semestre de 2024.
Dentre os principais motivos citados pelas empresas que estão planejando investir no próximo ano estão: investimento em novas tecnologias, lançamento de novos produtos e renovação do parque fabril.
Anexos
Os resultados detalhados desta sondagem e a série histórica do levantamento estão disponíveis no site da Abinee em Economia e Estatísticas - Base de Dados Econômicos.