Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico - Abr/2023

Sondagem de conjuntura do mês de abril aponta nova piora nos principais indicadores do setor eletroeletrônico, com empresários cautelosos

A sondagem de conjuntura referente ao mês de abril de 2023 mostrou nova piora nos principais indicadores da indústria elétrica e eletrônica, que, em muitos casos, chegaram a apontar resultados tão desfavoráveis quanto aos verificados no início da pandemia de covid-19.

Nesta última pesquisa, 30% das entrevistadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a igual período do ano anterior. Este resultado foi 5 pontos percentuais abaixo do apontado na pesquisa anterior (35%) e foi o menor desde maio de 2020 (20%).

Ainda comparando com abril do ano passado, 52% das empresas relataram queda nas vendas/encomendas, 10 pontos percentuais acima do registrado na sondagem anterior (42%).

Nota-se que este foi o segundo mês seguido que as indicações de retração superaram as de crescimento, fato que não ocorria desde maio de 2020.

Em relação a março de 2023, verifica-se que apenas 16% das entrevistadas relataram crescimento nas vendas/encomendas, percentual muito inferior aos 58% indicados na sondagem anterior.

Este foi o menor percentual desde abril de 2020, período em que apenas 14% das empresas haviam dado essa indicação.

Também foi desfavorável a elevação de 44% para 67% no número de empresas que apontaram negócios abaixo das expectativas. Este foi o maior percentual desde abril de 2020 (69%).

Destaca-se que apenas 1% das pesquisaram citaram negócios acima do esperado. Com isso, somente um terço das entrevistadas (33%) tiveram negócios conforme ou acima das expectativas.

A utilização da capacidade instalada recuou pela terceira vez consecutiva, passando de 76% em janeiro para 73% em abril. Este percentual foi o menor desde agosto de 2020, que também estava em 73%.

No que se refere ao nível de emprego, apenas 6% das entrevistadas relataram elevação no quadro de funcionários. Este resultado foi 9 pontos percentuais abaixo do registrado na pesquisa anterior (15%).

Neste caso, novamente, este foi o menor percentual desde maio de 2020 (4%).

Notou-se também, elevação de 13% para 16% nas indicações de redução no número de funcionários.

Destaca-se, porém, que a maior parte das entrevistadas (78%) indicou estabilidade no nível de emprego.

Conforme dados do Caged, o número de empregados da indústria elétrica e eletrônica diminuiu 264 postos de trabalho, no mês de março de 2023, totalizando 269,2 mil funcionários. Esta queda representa o saldo, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos.

Esta foi a primeira retração no nível de emprego do setor deste ano, interrompendo os dois acréscimos seguidos verificados nos meses de janeiro e fevereiro.

Retomando a avaliação dos resultados da sondagem realizada pela Abinee referente ao mês de abril de 2023, verificou-se elevação de 11 pontos percentuais no número de empresas com estoques de componentes e matérias-primas acima do normal, passando de 29% para 40%.

No caso de produtos acabados, o aumento no número de empresas com estoques acima do normal já havia sido observado na sondagem anterior, que tinha passado de 33% em fevereiro, para 39% das entrevistadas em março de 2023. Neste último levantamento de abril, permaneceu em 39% o número de empresas que deram essa indicação.

Também foi desfavorável a forte redução de 21 pontos percentuais no número de empresas que relataram acréscimo nas exportações comparadas com igual período de 2022, que passou de 40% na sondagem de março, para 19% no levantamento de abril de 2023.

Dessa forma, o número de empresas que citaram aumento nas vendas externas (19%) ficou muito abaixo das indicações de retração (41%).

Os dados da Secex/MDIC agregados pela Abinee, não mostrou esse comportamento. As exportações de produtos elétricos e eletrônicos cresceram 10% no mês de abril de 2023 em relação a abril do ano passado, acumulado acréscimo de 9% nos primeiros 4 meses deste ano em relação ao igual período de 2022.

Ainda avaliando os resultados apontados nesta última sondagem, é interessante observar que ao mesmo tempo em que os principais indicadores do setor apontaram uma piora neste último mês, verificou-se redução em alguns entraves que as empresas vêm enfrentando nos últimos meses, e em alguns casos até nos últimos anos, tais como dificuldades de acesso ao crédito, gargalos logísticos, falta de componentes, aumento de preços de insumos, elevação de custos, entre outros.

Porém, vale destacar que, mesmo apontando uma certa melhora neste último mês, esses entraves não foram solucionados e continuam prejudicando a atividade do setor.

No caso de financiamentos para capital de giro, foi significativa a redução de 46% para 32% no total de entrevistadas que citaram dificuldades na obtenção destes recursos. Porém neste caso, o elevado percentual registrado na sondagem de março (46%) foi pontual e se distanciou da média verificada nos meses anteriores que estava por volta de 27%.

Ressalta-se também que 63% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.

Também diminuiu o número de pesquisadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros, que estava em 42% na pesquisa de março e recuou para 30% em abril.

Componentes e matérias-primas

Essa sondagem também mostrou redução de 43% para 37% no número de empresas que relataram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado. Vale lembrar que este percentual estava por volta de 60% entre março e maio de 2022.

É importante ressaltar que esse resultado refere-se aos entraves decorrentes da falta de componentes eletrônicos e também de matérias-primas no mercado.

Especificamente no caso de matérias-primas, tais como papelão, materiais plásticos, borracha, aço, cobre, entre outras, a redução no número de empresas com dificuldades na aquisição destes itens já vem sendo observada desde o início de 2022, atingindo 7% das entrevistadas neste último levantamento, percentual muito distante dos mais de 50% verificados no início de 2021.

Caiu também o número de informantes que continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas, passando de 51% para 46%. Vale lembrar que este percentual chegou a superar 90% das indicações em meados de 2021.

Mesmo com a melhora da situação observada nos últimos meses, a falta de componentes eletrônicos no mercado continua trazendo algumas dificuldades para as empresas do setor, principalmente gerando atraso na produção e na entrega, citado por 30% das entrevistadas.

Destaca-se que as indicações de paralisação parcial da produção vêm caindo desde o início de 2022 e foram relatadas por apenas 3% das pesquisadas neste último levantamento.

É importante ressaltar que nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos desde o início desta questão na sondagem, em fevereiro de 2021.

Semicondutores

Também diminuiu o percentual de empresas com dificuldades na aquisição, especificamente, de semicondutores.

Neste último levantamento, 54% das entrevista-das, que utilizam esses componentes na sua produção, relataram dificuldades na aquisição destes itens no mercado. Este resultado foi inferior aos 60% verificados na pesquisa anterior e também foi menor do que os 78% verificados em abril de 2022.

Apesar da melhora, essa situação ainda não voltou ao normal e continua afetando a produção da indústria elétrica e eletrônica.

Expectativas de Vendas

Neste último levantamento, 5% das entrevistadas projetam normalidade no abastecimento de componentes semicondutores ainda no 1º semestre deste ano.

Destaca-se que 39% das empresas acreditam na normalidade dessa situação ainda neste ano, porém a partir do 2º semestre.

Por sua vez, 26% das pesquisadas esperam regularidade no abastecimento de semicondutores a partir de 2024 e 30% estão sem previsão para a normalidade dessa situação.

Gargalos logísticos

No que se refere a gargalos logísticos, observa-se que vem reduzindo o número de empresas que indicaram atrasos no recebimento de cargas, considerando todos os modais de transporte, que passou de 33% para 29%. Este foi o menor percentual desde o início dessa pergunta na sondagem, em abril de 2021.

No caso das exportações, recuou de 35% para 25% o percentual de pesquisadas que relataram problemas no envio de cargas nas exportações marítimas. Este também foi o menor percentual desde o início dessa pergunta na sondagem, em abril de 2021.

Expectativas

Mesmo com o abrandamento em algumas dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor, principalmente no que se refere a falta de insumos, componentes no mercado e gargalos logísticos, o empresário do setor permanece muito cauteloso, tanto em relação ao cenário interno quanto ao internacional.

No cenário interno, a principais preocupações neste momento são as incertezas em relação ao novo governo, especialmente no que se refere ao novo arcabouço fiscal, à inflação e à elevada taxa de juros.

Além disso, o cenário internacional também causa apreensão devido aos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia e as projeções de crescimentos mais modestos para 2023 em diversos países, especialmente Estados Unidos e países da Europa.

Essas inseguranças vêm limitando os investimentos, paralisando os negócios.

O índice de confiança do empresário industrial (ICEI) do setor eletroeletrônico, conforme dados da CNI agregados pela Abinee, ficou estável no mês de abril de 2023 em relação ao mês imediatamente anterior, permanecendo em 50,8 pontos.

Nota-se que o ICEI do setor ficou praticamente estável nos dois últimos meses, após a melhora observada em fevereiro de 2023, que fez com que o ICEI voltasse a cruzar a linha divisória dos 50 pontos. Ressalta-se que o ICEI varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 pontos mostram confiança do empresário industrial e abaixo de 50 pontos apontam falta de confiança.

Retomando a avaliação dos dados verificados na última sondagem da Abinee, a piora nos indicadores registrada nos últimos levantamentos vem influenciado as expectativas dos empresários do setor.

Nesta pesquisa, caiu pela segunda vez seguida o número de empresas pesquisadas que projetam crescimento para 2023 em relação a 2022, passando de 72% em fevereiro para 53% em abril de 2023.

Este foi o menor percentual desde dezembro de 2020, que também estava em 53%, ao comparar as expectativas do ano em relação ao ano anterior.

Ainda para 2023, 19% esperam estabilidade e 28% estão prevendo queda.

Neste último caso, destaca-se que este foi o segundo aumento consecutivo no percentual de empresas com projeções pessimistas. Vale lembrar que na sondagem de fevereiro de 2023 apenas 11% das entrevistadas haviam dado essa indicação.

Expectativas de Vendas

Anexos

Anexos

Os resultados detalhados desta sondagem e a série histórica do levantamento estão disponíveis no site da Abinee em Economia e Estatísticas - Base de Dados Econômicos.

 
 

Informações Adicionais

Cristina Keller

Assessora de Economia

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Informações Imprensa

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