Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico - Jan/2024
Sondagem de conjuntura do setor eletroeletrônico aponta indicadores variados neste início de ano, com expectativas favoráveis para 2024
A sondagem de conjuntura do setor eletroeletrônico referente ao mês de janeiro de 2024 registrou resultados variados neste início de ano, com melhora em alguns indicadores e piora em outros.
Na primeira pesquisa realizada em 2024, 38% das entrevistadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a janeiro de 2023. Este resultado foi 8 pontos percentuais abaixo do registrado na sondagem anterior (46%).
Também foi desfavorável o aumento de 36% para 39% no total de empresas que citaram negócios abaixo do esperado. Mas mesmo assim, estes percentuais ficaram entre os menores desde janeiro de 2023 (38%).
Já a utilização da capacidade instalada aumentou de 73% em dezembro de 2023 para 75% em janeiro de 2024.
No que se refere ao nível de emprego, destacou-se a redução de 12% para 6% no percentual de entrevistadas que relataram queda no número de empregados.
Nota-se que a maior parte das entrevistadas (84%) citou estabilidade no nível de emprego.
Este levantamento também mostrou ajuste nos estoques, com recuo no percentual de entrevistadas que citaram estoques de componentes e matérias-primas acima do normal, passando de 21% para 17% das participantes.
No caso dos produtos acabados, este percentual já havia recuado em dezembro de 2023 e permaneceu em 20% em janeiro de 2024.
No comércio internacional, notou-se redução de 26% para 23% nas indicações de crescimento das exportações, concomitantemente à elevação de 32% para 40% nas indicações de queda, sempre comparadas ao igual período do ano anterior.
Já os dados da Secex/MDIC agregados pela Abinee registraram aumento expressivo de 41% nas exportações de produtos elétricos e eletrônicos no mês de janeiro de 2024 em relação a janeiro de 2023.
É importante ressaltar que este resultado contou com o forte aumento de exportações pontuais de alguns itens, tais como bobinas de reatância e de auto-indução e de transformadores, para os Estados Unidos, que estão fazendo grandes investimentos na ampliação da infraestrutura elétrica, especialmente na interconexão de linhas de transmissão.
Com isso conclui-se que a elevação significativa das exportações apontada pelos dados da Secex no mês de janeiro pode não refletir a realidade da maior parte das empresas, conforme indicadores apontados nesta última pesquisa realizada pela Abinee.
Ainda avaliando os resultados apontados nesta última sondagem, observou-se que 35% das entrevistadas citaram dificuldades na obtenção de financiamentos para capital de giro, 5 pontos percentuais acima do apontado na sondagem anterior (30%). Apesar deste aumento, este resultado permanece próximo aos 34% registrados em 2023 (média do ano). Ressalta-se também que 61% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.
Esse levantamento também identificou aumento de 7 pontos percentuais no total de entrevistadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros, que passou de 27% para 34%.
Componentes, semicondutores e matérias-primas
No decorrer de 2023, verificou-se redução nas dificuldades na aquisição de componentes, entre eles, semicondutores e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado.
Destacou-se a redução de 15 pontos percentuais no total de empresas que relataram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas, que, recuou de 25% das entrevistadas em dezembro de 2023 para 10% em janeiro de 2024. Este foi o menor percentual desde outubro de 2019, que também havia registrado 10%, período anterior a pandemia.
Vale ressaltar também a redução de 32% para 27% no número de pesquisadas que continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas. Este resultado foi igual ao registrado em outubro de 2023 e foram os menores desde dezembro de 2019 (21%). Vale lembrar que este percentual chegou a atingir mais de 90% em meados de 2021.
No caso específico de semicondutores, destacou-se a redução de 11 pontos percentuais no número de entrevistadas, que utilizam semicondutores na sua produção, que relataram dificuldades na aquisição destes itens, recuando de 25% em dezembro de 2023 para 14% em janeiro de 2024. Este foi o menor percentual registrado desde o início dessa pergunta na sondagem em maio de 2021.
Este levantamento ainda mostrou que, para 36% das pesquisadas que tiveram dificuldades na aquisição de semicondutores nos últimos anos, o abastecimento destes itens já voltou ao normal.
Para 32%, diminuíram as dificuldades, porém a regularidade deverá ocorrer durante este ano e para 5% das entrevistadas, a normalidade no abastecimento de semicondutores deverá acontecer apenas em 2025.
Ainda referente a essa questão, 27% não têm previsão.
Gargalos logísticos
As sondagens também vêm mostrando redução nos gargalos logísticos nos últimos meses.
Nas exportações, destacou-se a diminuição de 31% para 21% no total de empresas exportadoras que relataram problemas no envio de cargas por via marítima.
Nas importações, 32% das pesquisadas indicaram atrasos no recebimento de cargas, considerando todos os modais de transporte, 1 ponto percentual abaixo do registrado em dezembro de 2023 (33%).
Expectativas
As expectativas são de melhora no desempenho da indústria eletroeletrônica para 2024, porém permanecem as incertezas em relação ao cenário interno e internacional, o que deverá manter os empresários cautelosos.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial do setor eletroeletrônico cresceu 2,8 pontos no mês de fevereiro de 2024, passando de 50,8 para 53,6 pontos. Essa foi a segunda elevação consecutiva após três quedas seguidas. Com isso, o ICEI do setor permaneceu acima da linha divisória de 50 pontos, que indica confiança do empresário.
O abrandamento das principais dificuldades enfrentadas nos últimos anos, tais como: dificuldades na aquisição de componentes, especialmente semicondutores, pressões nos preços de matérias-primas e componentes, pressões em outros custos, gargalos logísticos, entre outros, deve contribuir com os negócios neste ano.
Outros fatores também estão gerando expectativas favoráveis para 2024, como a Reforma Tributária e o anúncio do programa Nova Indústria Brasil (NIB), em janeiro deste ano.
Conforme este último levantamento, 79% das entrevistadas têm intenção de investir em 2024, sendo que 8% das empresas informaram que irão aumentar os investimentos para este ano em função do lançamento do programa Nova Indústria Brasil.
Algumas empresas comentaram que ainda é cedo para avaliar as regras do programa para alterar os planos de investimentos.
Nesta pesquisa também, 73% das empresas do setor projetam crescimento para as vendas da indústria eletroeletrônica para o ano 2024. Este resultado foi 9 pontos percentuais acima do registrado no levantamento anterior (64%) e foi o maior registrado desde o início desta pergunta na sondagem em agosto de 2023.
Ainda para 2024, 24% esperam estabilidade e apenas 3% prevêem queda nas vendas.
Anexos
Os resultados detalhados desta sondagem e a série histórica do levantamento estão disponíveis no site da Abinee em Economia e Estatísticas - Base de Dados Econômicos.