Sondagem Conjuntural do Setor Elétrico e Eletrônico - Ago/2023
Sondagem referente ao mês de agosto mostra leve melhora no desempenho dos principais indicadores da indústria eletroeletrônica em relação ao observado na pesquisa de julho
No mês de agosto de 2023, a sondagem de conjuntura da indústria elétrica e eletrônica apresentou leve melhora no desempenho dos principais indicadores do setor comparado a pesquisa de julho.
Nesta última pesquisa, 36% das entrevistadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a igual período do ano anterior. Este resultado foi 10 pontos percentuais acima do apontado no levantamento anterior (26%).
É importante destacar que, apesar da melhora em relação à sondagem anterior, este foi o sexto mês seguido em que as indicações de crescimento foram inferiores aos relatos de queda.
Ao comparar com julho de 2023, 52% das entrevistadas relataram crescimento nas vendas/encomendas, resultado 24 pontos percentuais acima dos 28% indicados na sondagem anterior.
Destacou-se ainda a queda significativa de 22 pontos percentuais no número de empresas que apontaram negócios abaixo das expectativas, que diminuíram de 65% em julho para 43% em agosto de 2023.
Também foi favorável o aumento de 5% para 13% no total de entrevistadas que relataram elevação no número de empregados e a queda de 17% para 9% no percentual de empresas que citaram diminuição no número de funcionários.
Ainda referente ao emprego, é importante ressaltar que para a maior parte das entrevistadas (78%) o nível de emprego ficou estável.
Conforme dados do Novo Caged agregados pela Abinee, o número de empregados da indústria elétrica e eletrônica aumentou 204 postos de trabalho no mês de julho de 2023, totalizando 267,5 mil funcionários diretos. Este crescimento representa o saldo, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos.
Em agosto de 2023, a utilização da capacidade instalada registrou 75%, marcando um aumento em relação aos 73% observados desde abril desse ano.
No que se refere aos estoques de componentes e matérias-primas, observou-se aumento de 66% para 70% nas indicações de normalidade nos estoques. Neste caso, verificou-se redução tanto nas indicações de estoques acima do normal (de 27% para 25%) quanto nos estoques abaixo do normal (de 7% para 5%).
Porém, em relação aos produtos finais, apenas 50% das indicações apontaram normalidade nos estoques, enquanto 37% sinalizaram estoques acima do normal.
No comércio internacional, apesar do aumento de 20% para 29% nas indicações de crescimento das exportações, a maior parte das empresas (37%) indicou diminuição nas vendas externas.
Já os dados da Secex/MDIC agregados pela Abinee mostraram aumento de 6,4% nas exportações de produtos elétricos e eletrônicos no mês de agosto de 2023 em relação a agosto do ano passado, registrando acréscimo de 6,9% no acumulado dos primeiros oito meses deste ano em relação ao igual período de 2022, contribuindo, desta forma, com o desempenho do setor.
No caso das importações, ainda conforme dados da Secex/MDIC, verificou-se queda de 9,7% no mês de agosto em relação a agosto do ano passado e recuo de 2,5% no acumulado de janeiro a agosto deste ano ao comparar com o mesmo período do ano anterior, refletindo a queda da atividade do setor.
Retomando a avaliação dos resultados apontados nesta última sondagem, observou-se que 35% das entrevistadas citaram dificuldades na obtenção de financiamentos para capital de giro. Ressalta-se também que 65% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.
Neste levantamento aumentou de 20% para 25% o percentual de entrevistadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros. Apesar do aumento, esse percentual é inferior a media do ano de 2022 (40%).
Componentes e matérias-primas
As últimas sondagens também vêm identificando redução nas dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado. Este percentual estava em 28% na pesquisa de julho e recuou para 23% em agosto. Vale lembrar que este número estava por volta de 60% entre março e maio de 2022.
Destaca-se que, neste levantamento, nenhuma entrevistada citou dificuldades na aquisição especificamente de matérias-primas, tais como papelão, materiais plásticos, borracha, aço, cobre, entre outras.
Dessa forma, observa-se que o abastecimento de matérias-primas não está sendo mais um entrave para a atividade do setor, como ocorreu em 2021. Vale lembrar que no ano 2021, 68% das entrevistadas relataram dificuldades na aquisição destes itens; este percentual recuou para 10% em 2022 e caiu para 3% no acumulado de janeiro a agosto de 2023, sempre considerando a média das empresas pesquisadas em cada período.
Destacou-se a redução, pelo quarto mês seguido, no número de informantes que continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas, passando de 51% em março para 33% em agosto. Neste caso, este percentual chegou a superar 90% das indicações em meados de 2021.
Mesmo assim, a falta de componentes eletrônicos no mercado continua trazendo algumas dificuldades para as empresas do setor, principalmente gerando atraso na produção e na entrega, citado por 21% das entrevistadas.
Destaca-se que as indicações de paralisação parcial da produção vêm caindo desde o início de 2022 e foram relatadas por apenas 3% das pesquisadas neste último levantamento.
É importante ressaltar que nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos desde a inclusão desta questão na sondagem, em fevereiro de 2021.
Semicondutores
Este levantamento também mostrou que 34% das entrevistadas, que utilizam semicondutores na sua produção, permanecem com dificuldades na aquisição destes componentes.
Neste caso, a situação também vem melhorando, visto que este percentual estava em 71% no 1º semestre de 2022, caiu para 62% no 2º semestre e recuou para 48% no acumulado de janeiro a agosto deste ano, também considerando a média das empresas pesquisadas em cada período.
Apesar da melhora, esse percentual ainda é elevado e continua afetando a produção da indústria elétrica e eletrônica.
Nesta última sondagem, 34% das entrevistadas projetam normalidade no abastecimento de componentes semicondutores ainda neste ano.
Destaca-se que 34% das empresas acreditam que a normalidade dessa situação ocorrerá em 2024.
Por sua vez, nenhuma das pesquisadas esperam regularidade no abastecimento de semicondutores somente em 2025 e 32% estão sem previsão para a normalidade dessa situação.
Gargalos logísticos
No caso das exportações, aumentou de 16% para 23% o percentual de pesquisadas que relataram problemas no envio de cargas nas exportações marítimas. Apesar da expansão, este percentual permanece inferior ao registrado na média do ano passado (56%).
Nas importações, 28% das pesquisadas indicaram atrasos no recebimento de cargas, considerando todos os modais de transporte. Este resultado foi acima do verificado na pesquisa anterior (19%), mas mesmo assim permanece inferior ao registrado na média do ano passado (60%).
Expectativas
As expectativas são de melhora no desempenho da indústria eletroeletrônica para os próximos meses.
Normalmente a atividade do setor costuma ser mais aquecida no 2º semestre do ano. Lembrando também que as empresas fabricantes de bens de consumo podem contar com datas que estimulam as vendas, tais como Black Friday e Natal.
Outro indicador positivo foi o terceiro crescimento consecutivo registrado no Índice de Confiança do Empresário Industrial do setor eletroeletrônico no mês de agosto.
Porém, é importante destacar que este avanço está sendo influenciado pelas expectativas para os próximos meses, visto que as condições atuais da economia ainda permanecem desfavoráveis.
Na última sondagem realizada pela Abinee, 51% das empresas pesquisadas esperam crescimento para o 2º semestre de 2023 em comparação igual período do ano passado.
Conforme este último levantamento, 48% das entrevistadas projetam crescimento para 2023 em relação ao ano passado.
Ainda referente a 2023, 24% esperam estabilidade e 28% estão prevendo queda.
Para 2024, as expectativas são mais otimistas, com 61% das empresas projetando crescimento, 35% estabilidade e apenas 4% prevendo queda nas vendas.
Anexos
Os resultados detalhados desta sondagem e a série histórica do levantamento estão disponíveis no site da Abinee em Economia e Estatísticas - Base de Dados Econômicos.